Já nem é tão tarde.
E pode ser de idéias que não sumiram.
Não cabe o pessimismo, amargo.
Já é gasta, esfolada, a utopia otimista..
Mas pode-se pensar na realidade esperançosa.
Esta realidade disfarça-se, simula indiferença.
Falsa indiferença.
Ela que aqui vai, vem, e quer se mostrar nos espelhos,
indiferença de gosto diluído, hipócrita.
Ela mostra, mesmo, uma multidão que foge, esconde-se em imagens felizes.
Mas com o tempo mais e mais pessoas vão retirar das academias,
das fotos sem olhos em óculos escuros,
da gratidão colorida, brilhosa, que se simula nas estradas virtuais,
vão mesmo retirar o medo desta realidade que mostra a verdade,
esta verdade incômoda, penetrante, dos momentos de silêncio profundo.
O que somos em carne crua, sem retoques
Doerá fundo,
mas cedo ou tarde viria estacionar-se diante de nós.
Fará bem apalpar o que claramente somos.
Circularão pessoas menos apressadas,
mais sóbrias,
menos falantes,
mais ouvintes.
Menos entorpecidas,
mais vivas.