Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Paz












Senhor,
que as minhas mãos se movimentem como as tuas,
que meus olhos enxerguem segundo os teus,
fazei de mim instrumento dos teus desígnios.
Porque sei que o seu tempo não pode ser medido pelas minhas necessidades,
que só me serão concedidas naquilo que plenificará a minha alma,
ainda que muitas orações sejam proferidas,
que muitas súplicas sejam realizadas,
que as lágrimas brotem diante da dor e da emoção.
Fazei de mim, Senhor, um ser que persevere,
na busca pela purificação,
no caminho que liberta da escravidão,
no caminho que nos torna verdadeiramente livres.
Livra-me da culpa que campeia na escuridão,
livra-me da rejeição que enfrento em mim mesmo.
Senhor fazei com que eu procure a cada dia,
pelos simplórios e verdadeiros,
ainda que caminhem distantes de mim.
Senhor fazei crescer em mim a paz que sinto na oração,
no seu devido momento,
segundo a tua vontade,
pela tua graça,
pela tua presença em mim.




quinta-feira, 5 de abril de 2018

A razão e o tempo










Ninguém está acima do bem e do mal. O tempo vai corrigindo tudo o que se desnivela ao sabor da ambição sem lastro. Como a ferrugem, o tempo corrói alicerces metálicos mentirosos. Todas as edificações amparadas nas paredes da corrupção se fragilizam pela sua própria natureza. 

À luz da razão e da própria emoção a arrogância nunca construiu mitos. Estes ídolos toscos não permanecem na história para contá-la em páginas limpas.

Personagens que germinaram pelo oportunismo,  perderam a sua ideologia em cifras que ninguém delimita ao certo. Embora almejassem estátuas em praças públicas e incontáveis homenagens, tornaram-se exemplos de dissimulação, apagados que foram por seu populismo de baixo valor. 

Sempre restará o que foi depositado pela justiça; nas ruas ou nas salas áridas dos tribunais. Restará também o que ficou dos anseios daqueles que se indignaram, daqueles que um dia acreditaram numa proposta que se esvaziou.

Ao final permanece ainda um longo caminho a ser percorrido. As estradas mais almejadas são as mais difíceis de serem traçadas. Ainda assim foram recortadas muitas outras vias essenciais, com todas as suas imperfeições e valetas pseudo partidárias. Todas estas serão as que vão conduzir ao verdadeiro bem estar.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Brinquedo







Já não resta mais nem mesmo o que encantou o teu brinquedo,

agora caminhas pelos torrões e os raios da luz do dia passam pelos escombros.

Mas sei que tens sonhos e carregas o direito de correr longe do que te amedrontas.

Sei que apertas as mãos que já te levaram cuidadosas por ruas de cores e de vida.

Sei também que tens uma voz que pede um afago.

Levaram teus amigos, tua inocência. 

Levaram teus bens que nem todos notavam ao certo mas que compunham a tua infância.

Eram teus todos os pequenos objetos e faziam parte dos dias em que vivias sem medo,

onde não te assombravam a violência dos sons que nunca ouviras antes.

Tuas vestes não foram trocadas e teus pés estão sujos,

tua casa agora foi manchada e violada,

tuas mãos estão sangrando e você se recusa a olhar.

Teu caminho hoje é incerto e a cada dia passas por uma nova esquina,

mas sei que ainda tens direção e que queres encontrar novamente o que levaram de ti.

Sei das tuas súplicas ainda que não saibas os pormenores do que vai recitar,

sei da paz que ainda chegará,

antes da tua compreensão,

antes que termine o teu choro,

ainda antes que se vá o teu derradeiro gemido.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O dimorfismo sexual no canário da terra

Quando dois seres vivos de uma mesma espécie apresentam caracteres físicos diferentes em sexos distintos, dizemos que, neste caso, há dimorfismo sexual. Enquanto nos vegetais esta característica é apenas funcional, nos animais esta diferença pode ocorrer para que um dos sexos apresente esta morfologia distinta com o objetivo de atrair o parceiro durante o acasalamento.

No caso específico do Canário-da-terra (Sicalis flaveola) esta característica é ainda mais acentuada e notável através da plumagem da espécie. O macho possui as penas com coloração amarela, enquanto a fêmea possui a cor parda e estriada. 



A fêmea do canário-da-terra, com as suas penas de cor parda e estriada. Imagem: Cláudio Gontijo




Durante o período de acasalamento o macho apresenta a plumagem ainda mais acentuada na sua coloração amarela, o seu canto fica mais melodioso e contínuo. Ele costuma efetuar movimentos dançantes em volta da fêmea.


O macho do canário-da-terra com sua plumagem amarelada. Imagem: Cláudio Gontijo



A espécie em seu dimorfismo sexual. Imagem: Cláudio Gontijo