Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Para adormecer

 






Quando o sono vem lá, 

distante,

relutante,

coloco-me junto aos outros,

tantos outros, em pedidos de oração.

Vou visualizando um e todos.

Desaparece a prece,

adormeço.

Acordo, continuo,

adormeço.

Nas diversas e múltiplas vezes em que de mim esqueço,

devo mesmo acalentar aqueles que, há tempos,

esqueceram-se de si mesmos.

E, assim, vou embalando.

E permaneço.

Nada me é absoluto,

é mistério, é vago.

Como o sono que vem e vai,

vai e vem.

Como um balanço,

bem suspenço,

livre,

sem tropeço.