Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Não há vencedores e vencidos











Muitos são os que se dizem aliviados. O embate contundente que se observa nas tribunas, porém, seguramente não é o que se traduz nos bastidores. A ética que julgamos existir, não existe. No poder político não há vencedores e vencidos. Existem, sim, acordos. Acordos que permitem sorrisos e choros fictícios. Revoltas sem nexo. 


Todos os discursos inflamados e emocionados direcionam-se muito mais aos eleitores do que aos ocupantes de uma seção. As falas bem calculadas só se desesperam, verdadeiramente, com um futuro que não lhes garantam todos os luxos e mimos que se atrelam aos altos salários. A real preocupação só se mostra com a chegada do fim de um mandato, com o anonimato, com a escassez de votos, com o abandono, com o desligamento efetivo das salas requintadas.


Não existem adversários ferrenhos, não há mais ideologias que possam sobreviver ao egoísmo e ao poder monetário. A ideologia esta faccionada nos lares, onde se configuram, ainda, pensamentos de esquerda e direita.


Vestimentas caras e rostos tranquilos não podem simular, aos olhos atentos, a indignação. O ódio é descartável, o apresso é falso.


As pessoas comuns, assalariadas, são aquelas que irão vivenciar uma realidade distante das reuniões acaloradas, cheias de riso ou lágrimas. Serão aquelas que continuarão adquirindo seus bens em inúmeras parcelas; considerando cortes a serem feitos, cada vez mais, diante dos  benefícios básicos e essenciais. Estes, de fato, não receberão qualquer bem de valor, qualquer momento de serenidade e alívio, em uma militância inflamada. Ainda que militem com suas bandeiras surradas e mal feitas, ainda que gritem nas avenidas.