Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Pétalas

 





Em silêncio,

e no silêncio, o tempo é curto.

Vai escorregando, escapando, 

nos dias que vem e vão.

Um buquê sem cheiro,

que nunca de todo se compra, 

estampa-se em uma árvore inteira.

Vem oferecido, por isso não tem medida.


Os galhos se abaixam, derramam,

colorem lentamente também o chão.

Colorem a tarde, 

e, à noite, tudo descansa. 

 







Acredito que um amor sem tamanho recolhe tudo e reparte, 

e continuará  repartindo;

em sombras que descansam no mormaço,

em sementes que se afundam na terra, no arenoso do chão.






Tudo deve mesmo é compor muitas das coisas, 

o que nem se pode alcançar. 

Não tem início, não tem fim.

Mas é facil entender; é vida.

Vida nestas pétalas,

no estalar dos dias.

Vida que dorme no sertão.

Vida que acorda ainda no escuro.






Imagens: Cláudio Gontijo