Em silêncio,
e no silêncio, o tempo é curto.
Vai escorregando, escapando,
nos dias que vem e vão.
Um buquê sem cheiro,
que nunca de todo se compra,
estampa-se em uma árvore inteira.
Vem oferecido, por isso não tem medida.
Os galhos se abaixam, derramam,
colorem lentamente também o chão.
Colorem a tarde,
e, à noite, tudo descansa.
Acredito que um amor sem tamanho recolhe tudo e reparte,
e continuará repartindo;
em sombras que descansam no mormaço,
em sementes que se afundam na terra, no arenoso do chão.
Tudo deve mesmo é compor muitas das coisas,
o que nem se pode alcançar.
Não tem início, não tem fim.
Mas é facil entender; é vida.
Vida nestas pétalas,
no estalar dos dias.
Vida que dorme no sertão.
Vida que acorda ainda no escuro.
Imagens: Cláudio Gontijo