Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

sábado, 25 de janeiro de 2020

As chuvas, os alagamentos.











O homem alterou além do que poderia. A grande expansão industrial na Europa, America do Norte e Ásia, o aumento substancial da frota de veículos no planeta, lançou na atmosfera volumes cada vez mais crescentes de gases. Emissões danosas que modificaram o cinturão natural protetor da terra. Estes buracos expuseram o planeta à maior radiação solar, alteraram a temperatura dos oceanos; um dos fatores mais importantes para toda a mudança climática ocorrida. Os principais países industrializados, os mais ricos economicamente, descumpriram os tratados de controle desta emissão de gases. A conta foi feita e terá que ser paga. O desequilíbrio  global não cobra de forma instantânea, cobra em prestações.

O anormal fenômeno de aquecimento e as alterações nas temperaturas dos oceanos compõem o descontrole climático. Nevascas extensas, alagamentos, incêndios florestais, derretimento das calotas de gelo polares.

O Brasil também errou e sofre estas consequências. A vegetação foi arrancada para os plantios agrícolas em larga escala, para a pecuária e a exploração da madeira. Extensas áreas da floresta amazônica foram dizimadas na prática deste comércio madeireiro e projetos agropecuários. Estima-se que 20% deste bioma já foi destruído.

Hoje restam cerca de 7% de vegetação da Mata Atlântica, esta cobertura vegetal já ocorreu em mais de 30% do território brasileiro.

O cerrado é o segundo bioma da vegetação brasileira. Embora a sua destruição tenha diminuído nos últimos anos, estima-se que quase metade da sua estrutura foi destruída. O plantio de soja e milho, a pecuária, executados por grandes empresas com técnicas e maquinários avançados, foram os principais fatores da sua destruição. Parte do seu corte sistemático ao longo dos anos para a produção de carvão vegetal, alimentando as siderurgias, foi praticado pelos menores proprietários de terra. 

O país hoje possui menor cobertura vegetal, menor evaporação, clima mais quente e desordenado. E sofre por estes dias com as tempestades no sudeste. Grandes massas de ar  úmidas saem da amazônia e cruzam o país. Frentes de ar frio chegam ao sudeste advindas da Antártica. São grandes zonas de convergência (fusão, união). Grande parte destas alterações tem origem também na modificação das brisas marítimas. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) realiza pesquisas e prevê que nos próximos 60 anos estas chuvas extensas e seus alagamentos irão continuar, em um grande ciclo.

O problema brasileiro conta também com o aumento populacional e ocupação desordenada das cidades, com a falta de um plano diretor que organize este crescimento. Casas construídas nas elevações, cortes extensos em áreas com restos de vegetação nas encostas e morros. Córregos, rios, assoreados pelos sedimentos de terra que se soltam, ou canalizados, não escoam o maior volume de água. O excesso de lixo depositado nas ruas entopem os bueiros que drenariam grandes áreas impermeabilizadas pela pavimentação.

O futuro está ancorado na reversão de boa parte desta realidade. No controle da emissão de gases em tratados mais rígidos, no reflorestamento sistemático. E a maior de todas as ações; a educação ambiental que formará gerações mais críticas. Gerações que vão se alimentando não só do ensino nas salas de aula, mas da visão cruel de todas estas catástrofes. Novas gerações mais preparadas, conscientizadas, para as alterações de todo um contexto equivocado. Jovens que serão capazes de construir de forma sustentável, de forma a respeitar o curso normal do grande bioma terrestre.