Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

sábado, 21 de dezembro de 2019

Amor é proteção










O mal não pode apertar um gatilho, não é capaz de mover uma tecla cibernética para roubar, não pode conduzir os nossos braços e a pronúncia das palavras para agredir. O mal só pode iludir, desequilibrar, na fragilidade. Ele só ronda a nossa mente, nunca a alma, nunca a nossa natureza Divina. É experimentando o amor Daquele que tudo cria, que nos livramos de todo o mal. É servindo que nos é concedida a proteção. Que nunca nos esqueçamos desta realidade: o Pai não admite que nos afastemos do seu amor, porque ele deseja que tenhamos vida. Somente vida.











Imagem e texto: Cláudio Gontijo

Sentir o amor do Pai














O amor do Criador por nós é imensurável. Não podemos medir. Mas podemos senti-lo. 

O que necessitamos saber é que o Criador não admite a possibilidade de deixarmos de experimentar este amor. Por Ele, pela sua vontade, o amor não pode ser ignorado por nós; não pode ser esquecido. Ele deseja que, ao experimentarmos este sentimento, possamos chegar ao equilíbrio em nossas tribulações e vitórias. Nos momentos em que carregamos a Cruz, e, se a Cruz enorme for, esta experiência amorosa pode nós conceder a força, a força sem limites. 

Nós nos deixamos iluminar quando buscamos em toda a Criação a experiência do amor do Pai, quando vamos adquirindo a certeza de que ele nutre este sentimento por nós. Sob esta experiência não abandonamos a verdade, não nos apegamos ao que é ilusório, ao que não nos faz falta.

Quando reclamamos, quando deixamos de ser gratos, nós deixamos de sentir o quanto Ele nos ama. Sem essa experiência nos tornamos vulneráveis, frágeis, influenciáveis. Murmurar é colocar uma certa obscuridade entre nós e o acolhimento Divino. 

A gratidão nos coloca em mansidão, sinal maior do Bem. Experimentando os cuidados do Criador, experimentamos a mansidão da paz.













Imagem e texto: Cláudio Gontijo

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Livres












Transportamos pesados fardos,
fardos de papel e pedras.
Seu peso nem sempre era de todo conhecido,
difícil de ser esquecido,
mas nunca dividido, e sempre vivido.
Fardos que encontramos na calada da noite, insones,
fardos que criamos aos tropeções, em ruas de pensamentos incômodos.
E fomos desenhando a sua forma, e fomos aumentando o seu volume.
Fardos de horas impróprias,
que precisávamos carregar, cargas ilusórias.
Fardos de intolerância.
Mas, um dia, por acaso ou pelo tempo,
fomos, assim, libertos.
Mais leves, abertos,
foi quando deitamos os fardos em terra.
Terra que faz germinar, até mesmo o que purifica, o que modifica.
Lavou-se dúvidas, medos. Passaram os anos.
E agora, moldados, afortunados, em ombros preparados,
poderíamos até procurar novas cargas, novos entraves, fechaduras e chaves.
Mas não quisemos abrir.
Optamos por rir,
da nossa relutância,
sem qualquer importância,
para a paz que escolhemos possuir.






"Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Mt 11:30

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Véu Negro

A incerteza é sim, como um véu negro. Foi a dúvida que me levou a estas palavras, já postadas aqui.










Quando o véu negro cai sobre o nosso olhar,
e nem sabemos,
se vamos experimentar a chuva,
ou ter a grama sob nossos pés,
ou se poderemos continuar,
iremos rir de nós mesmos,
da jornada confusa,
difusa,
quando parecemos pequeninos,
meninos,
no meio do caminho.


E então,

saberemos da sede,
que nem notamos,
e que carregamos,
quando vivemos,
abraçamos,
tocamos.

Respiramos.
Ávidos,
na busca que construímos,
sem bússola

sem fim,
pela  vasta,
bela,

existência,
assim.


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O Caminho

Há alguns anos escrevi estas palavras. É bem provável que carregamos conosco muitas das nossas referências, talvez elas sejam uma grande parte de nós. E tomara que sejam boas.





Estou voltando prá casa. 

Talvez tenha andado pouco,

mas os rastros não são ilusórios.

Volto como quem retorna;

sem máscaras,

sem luvas,

sem métodos.

Não calculei a jornada,

e se sinto dores, rancores,

não vou deixar o caminho.

Ao mover-me faço escolhas,

abdico sem diminuir o ritmo.

Preciso avisar que,

as tarefas que experimentei,

não tornaram rudes os meus passos.

Pouco me importa,

se já cheguei a perder a razão,

pois sei que modifiquei muitas trilhas.

Estou de volta

e sou o que sou.



Estou rumando prá onde posso ficar,

onde continuo a me libertar.

Estou a um passo de lá.









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sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O tempo













Toda a lida trabalhosa de suor e sangue,
todos as conversas convenientes repetidas em qualquer momento, sem hora,
todos as nossas inúmeras preces de pouca demora,
nossos jejuns de quase nada,
agora são pálidos e doentios demais,
porque só os fizemos com um único olhar, sobre nós mesmos.
E se fomos exemplos, desenvoltos, altivos em prosperidade,
agora, pobres,
permanecemos por longos períodos em espera,
do abraço apertado que quase sempre ignoramos,
e até ironizamos.
Já aguardamos o sorriso largo que nunca esboçamos.
Esperamos afoitos em ante salas, em consultórios.
Nossas posses já não nos servem.
Nossos desejos anunciados são, agora, clamores pálidos.
Tentamos afastar a indiferença,
a visão que se turvou para a miséria,
para as enfermidades físicas que nunca foram nossas.
Caminhamos à espera de qualquer paisagem ou alento,
que nos devolva as paixões,
todas aquelas que deixamos germinar em terrenos sofisticados.
Queremos a nós mesmos, mais ainda, a verdade do tempo,
a paz que nunca consideramos.
Esperamos pela esperança que nem nos fazia falta.
E queremos misericórdia.
E queremos mais alguns anos,
algumas chances, ainda que não sejam muitas.
No final estaremos mais marcados pelas rugas,
sulcos profundos,
gestos mais fecundos.
No final seremos mais inteiros e presentes,
seremos o que não cultivamos,
com mais piedade,
com menos vaidade.
Em resumo das horas,
nos veremos na ponte que nos distancia do que realmente nunca nos fez falta.









domingo, 7 de julho de 2019

Unidade da fé










Para que a Igreja se fortifique e se confirme como salvífica, a partir do alicerce de Pedro, ela necessita da comunhão entre aqueles que a compõem. O egoismo impede a fortaleza, a fortaleza só se revela em uma Igreja única, uma Igreja que foi erguida em simplicidade.

O Redentor foi gerado pela Graça, em meio à pureza e simplicidade. Puros e simples são os que procuram esvaziar se de si mesmos através da fé e da caridade, em uma Igreja Santa, Verdadeira.


sábado, 16 de fevereiro de 2019

Caminho






Amo quando olho e cuido com ternura.
Amo quando trabalho pela paz que tiram do outro.
Amo quando desejo tocar, abraçar, todos os que cruzam a minha jornada, esvaziados.
Amo quando renuncio e me volto para os que percorrem o caminho, sozinhos
Amo quando sou grato.
Amo quando partilho, ainda que tenha pouco.
A serenidade me leva à esperança,
a esperança me leva à paz,
a paz me fortalece e me separa do medo.
Sem o medo posso amar com clareza e ardor.
Se não amo não posso contemplar,
se não amo não posso aliviar aquele que clama em dor,
se não amo não posso olhar nem para mim mesmo,
não posso me expressar em verdade,
não posso me entregar à oração.
Se não amo não posso viver em plenitude.