Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Os Vagalumes e a bioluminescência; luz que não produz calor

 Nas noites de verão, geralmente no início da estação chuvosa, é possível avistar lampejos luminosos que se movimentam na escuridão. Estas luzes fazem parte, na verdade, de um ritual de acasalamento dos vagalumes. Neste ritual os vagalumes produzem luminosidade por meio de reações químicas que ocorrem no seu corpo. 

O fenômeno é chamado de bioluminescência, onde uma substância (luciferina) sofre oxidações gerando a luminosidade que se compõe de 95% de luz e apenas 5% de calor. Ou seja, a luz que estes insetos produzem não gera calor, é fria. É possível verificar isso quando temos a oportunidade de segurá-los. 

Os vagalumes podem controlar perfeitamente a emissão desta luminosidade. Eles emitem maior ou menor quantidade de luz, alteram a sua frequência e ocasião, estas variações são formas de comunicação durante este ritual para a reprodução.




Existem no mundo cerca de 2000 espécies conhecidas. No Brasil mais de 400 espécies. Estes insetos são da ordem coleóptera (a mesma dos besouros e joaninhas). Os coleópteros possuem um par de asas mais rígidas abrigando, logo abaixo, outro par mais flexível. 

Os machos produzem a luz em um primeiro momento, atraindo a fêmea para o ritual de acasalamento. A fêmea também emite a luminosidade e voa para efetuar a cópula. Após o acasalamento produzirá ovos que irão eclodir e gerar as larvas. Estas larvas e a forma adulta vivem em média 3 anos. A maior parte deste tempo na forma larvária. Após a sua metamorfose atingem a forma  adulta viverão mais 3 a 4 semanas. A larva vive em locais mais úmidos do solo (debaixo de madeira em decomposição ou em pequenos túneis) e se alimenta de substâncias vegetais encontradas nas raízes e pequenos caules, moluscos, insetos menores. Ela entrará em desenvolvimento, terminando-o na forma adulta e acasalando. O ciclo se fecha.





O número destes insetos vem diminuindo sensivelmente. O corte das matas, da vegetação do cerrado (por exemplo), acaba por destruir o habitat destes insetos. Os agrotóxicos também contribuem para a sua destruição. 

Além destes fatores, o excesso de luminosidade artificial (iluminação noturna elétrica) ofusca os seus lampejos e interfere no acasalamento. A luz artificial torna difícil a comunicação entre machos e fêmeas, que passam a ter dificuldade de interpretar as variações luminosas. O acasalamento, desta forma, diminui.