Não é possível listar todos os atrativos que a natureza nos mostra em sua vastidão. Sabemos que regras apresentam exceções e
que não há limites, dentro dos ecossistemas. As floradas ocorrem em períodos
variados, os frutos chegam em maior ou menor abundância, as ninhadas recebem
mais ou menos ovos, as cores são múltiplas, os cheiros variados.
Não há exatidão no grande bioma terrestre. Existem espécies semelhantes, machos ou fêmeas. Existem, também, uma diversidade tão marcante que não acreditamos que um determinado casal pertence a uma única espécie.
O canário-da-terra (Sicalis flaveola), sumido das matas
mineiras por um período, é um dos exemplos de morfologias distintas em um
casal. A ciência chama de
"dimorfismo sexual". O macho possui coloração amarela viva e a fêmea
apresenta-se em tons pardos, acinzentados.
Estes pequenos pássaros alimentam-se principalmente de
sementes e sua reprodução é feita em locais variados: buracos na madeira oca,
barrancos e, até mesmo, nas casas do joão-de-barro. Neste período a fêmea deposita
quatro ovos e os filhotes, a princípio... pardos, voam em três ou quatro
semanas.
A fêmea de cor parda parece ser de outra espécie quando
comparada ao macho. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG
A imagem, logo abaixo, mostra uma fêmea pousada em um galho
da buganvilia. A sua aparência tranquila não é afetada nem mesmo pelos espinhos
ao seu redor. É mais um fato curioso que nos mostra a natureza. Uma mistura
de sutileza, beleza e perigo. Esta talvez seja uma regra imutável dos
ecossistemas e de toda a existência; a certeza de que a vida uniforme e as
diferenças caminham lado a lado, de que nem sempre os caminhos são previsíveis.
O pássaro e os espinhos. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG