Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Amigos eternos









Aqueles que um dia se indignaram,
foram verdadeiros em verdade de pesados fardos,
arrastados na escuridão onde ninguém está por perto.
Aqueles que foram flagelados pela indiferença alheia.
Aqueles que se aventuraram pelo trabalhoso caminho da solicitude,
solidários ainda que, diversas vezes, sem qualquer gratidão dos que foram acolhidos.
Nos momentos de uma existência dura e abafada pelos desejosos sem eixo, estes nossos amigos foram anônimos.
Mas foram felizes em uma caminhada de autoconhecimento e paz,
serenos pela fé sem tamanho,
silenciosos em longas jornadas de provações que até justificariam um gemido.
Alguns deles foram chamados, seguiram e nunca mais voltaram para junto de nós.
Eles partiram e determinadas homenagens só ocorreram em meio à comoção,
nos declarados e equivocados sentimentos de que tudo havia terminado, de maneira estúpida.
Mas, por tê-los conhecidos desde um tempo remoto e límpido em nossa memória,
transportaremos a sua presença, viva, junto às nossas crenças,
de que o fim desta vida não é o fim de uma rica existência.