Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

domingo, 20 de agosto de 2023

Sem a chuva

 












É o chão que se desenha com o mato seco,

 por tudo o que carece de água.

E no  tempo paciente,

a raiz é  insistente.

Há que se ter  mais coragem,

porque a esperança já vive na pele curtida,

sentida,

suportando o sol que queima e noites frias.

Frio que corta; é navalha.

Tudo é pardo.

Então, à tarde, antes que venha mesmo o breu, 

pia o curiango, ouve-se  longe os latidos, 

e na escuridão que chega, a vida vem de novo. 

Ainda que trôpega,

amanhece  com o dia,

deixa se corar à luz espalhada pelo chão, 

no chão de poucas sombras.

Por hora, nada necessita ser retocado.

É que no ciclo, de voltas conhecidas, de momentos marcados, 

dormentes,

o vai e vem das horas é que compoe esta lida.

Não a das caixas com fitas, de papel colorido.

Uma existência assim, que, rachando a terra, 

devolve novos brotos.