Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Mãe

 






Hoje pude observar os seus movimentos.

Haviam passos que caminhavam até sem cuidado.

Rápidos, resolvidos.

Às pressas, quase sempre às pressas.

É que o seu cuidar não se limita.

É mistério, é vasto.

Mãe.

Em memórias fragmentadas, 

e agora junto a estas frustradas linhas,

tentei novamente, hoje, aproximar-me do seu zelo,

do seus sentimentos.

É bom tentar sempre.

Porque são muitos os que desejam experimentar, entender a sua ternura, 

que deixa os desejos próprios.

Parece ir se purificando com o passar das horas.

E plena, como certamente deve ser,

volta-se em todo o tempo para aquele que, ao se criar em vosso ventre,

em vosso coração,

torna-se a maior parte da sua existência.

Não pude limitar o seu acolhimento.

É sobrenatural.

Não se apalpa.

Vejo mesmo é que doa tudo de si sem qualquer estanque,

sem desejo de troca,

em amor sem igual.

Amor que não é vaidoso,

que não desanda.

Amor que não reclama,

não se aflige.

Amor que é vida,

como a vida quer.

Como a vida vai mesmo ser.