Já não resta mais nem mesmo o que encantou o teu brinquedo,
agora caminhas pelos torrões e os raios da luz do dia passam pelos escombros.
Mas sei que tens sonhos e carregas o direito de correr longe do que te amedrontas.
Sei que apertas as mãos que já te levaram cuidadosas por ruas de cores e de vida.
Sei também que tens uma voz que pede um afago.
Levaram teus amigos, tua inocência.
Levaram teus bens que nem todos notavam ao certo mas que compunham a tua infância.
Eram teus todos os pequenos objetos e faziam parte dos dias em que vivias sem medo,
onde não te assombravam a violência dos sons que nunca ouviras antes.
Tuas vestes não foram trocadas e teus pés estão sujos,
tua casa agora foi manchada e violada,
tuas mãos estão sangrando e você se recusa a olhar.
Teu caminho hoje é incerto e a cada dia passas por uma nova esquina,
mas sei que ainda tens direção e que queres encontrar novamente o que levaram de ti.
Sei das tuas súplicas ainda que não saibas os pormenores do que vai recitar,
sei da paz que ainda chegará,
antes da tua compreensão,
antes que termine o teu choro,
ainda antes que se vá o teu derradeiro gemido.
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