Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pequi, o nutritivo fruto do cerrado.

Entre os vegetais de troncos tortuosos e casca grosseira do cerrado, cresce o pequi, também conhecido como piqui, pequiá, pequerim, piquiá, entre outras denominações menos comuns. Esta espécie cuja árvore atinge entre dez e vinte metros de altura, possui o nome científico Caryocar brasilienses. Ela é nativa do Brasil. O nome popular, na linguagem indígena, significa "casca com espinhos" ou "casca espinhosa".

Quem conhece o cerrado, já se deparou inúmeras vezes com a árvore de folhas ásperas, com três folíolos serrilhados nas suas bordas. A sua copa é frondosa e a madeira pode ser aproveitada para a produção de portas, janelas, madeirame para telhados, recipientes domésticos (gamelas). Porém o Pequizeiro é considerado atualmente uma planta nativa a ser preservada, por ser um dos símbolos deste bioma e pelo valor nutritivo, econômico, do seu fruto. O corte desta espécie só é permitido com a autorização dos órgãos fiscalizadores. O pequi é comum nos Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.



O Pequizeiro em flor. Imagem: caliandradocerrado.com.br




O fruto do Pequizeiro está protegido por uma casca grossa, com seu interior de cor parda e, externamente, verde. Ele está envolvido por uma polpa oleosa de cor alaranjada, logo abaixo fica uma camada de muitos espinhos, finos e pontiagudos. O interior deste caroço apresenta uma semente em forma de amêndoa. A polpa deste fruto e a semente são comestíveis, ricas em proteínas, carotenoides, vitaminas C e A, carboidratos, ácidos graxos, de alto valor nutritivo. Toda esta matéria prima pode dar origem a licores, óleos vegetais, doces e outras receitas culinárias saborosas; como o arroz cozido junto ao pequi. O óleo do pequi também origina, em uma produção mais elaborada, o biodiesel. 







Os frutos amarelados ocorrem nos meses de dezembro a fevereiro, em pleno verão. 


















                                                               
                                  Imagens: overmundo.com.br



As flores surgem de outubro a novembro. 






As sementes do Pequizeiro são de germinação muito lenta. Para se obter mudas deste vegetal é necessário um processo de várias etapas onde estas sementes são secadas e lavadas. Ao se produzir as primeiras folhas, a muda permanecerá cerca de dez a doze meses neste primeiro estágio. Será, então, transplantada para embalagens maiores (sacos plásticos) para o posterior plantio. Cada vez mais esta
produção vem sendo executada em função da destruição do cerrado para dar origem a investimentos agropecuários. 


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Entre a lamúria e o sorriso


Leva tempo para podermos sorrir como as flores.








Sorrir em sorrisos largos, de olhos rasos de lágrimas, por alegria e boa vontade, é tarefa para muitas caminhadas. Porque o tempo nem sempre amanhece em dias claros, de cores e luz. Porque o tempo nem sempre nos afaga em brisa leve.

Nem sempre há sorriso quando entregamos ao outro uma parte do que vamos utilizar, tornando um pouco menor o nosso pão. A caridade é longa  jornada até chegarmos à decisão da partilha.

Enxergar com piedade não é tão simples como o riso. E não haverá alegria até que possamos notar aqueles que perambulam por caminhos de brasas e espinhos; perdidos pelo vício, pela violência, pela descrença, pelo rancor, pela miséria espiritual.

Arrumar a veste simples, tosca e desbotada, e seguir dignamente o trilho da esperança é decisão trabalhosa, nem sempre alegre. Porque o caminho para a doação é largo quando estamos vestidos com o linho, mas pode ser penoso quando não temos o cobertor que precisamos.

Sorrir em verdade e amor é decisão para toda uma existência, é busca abençoada. Abençoada na medida em que aprendemos a agradecer com sinceridade. É graça quando nos guiamos pela Fé.







Texto e imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG



domingo, 29 de março de 2015

O difícil caminho da caridade

Não é fácil renunciar ao que nos dá prazer, ainda que momentâneo. Em uma vida onde buscamos equilíbrio é possível compreender a importância de bens materiais que são facilitadores. Mas é necessário a reflexão sobre esta materialidade. Ela pode nos impulsionar a uma vida de excessos, para adquirirmos aquilo que nem sempre nos é essencial.

De quantos pares de sapatos realmente necessitamos ?  O que acumulamos nos torna pessoas realmente melhores ou nos deixa melhores aos olhos dos outros ? Se nos preocupamos, grande parte do tempo, com as últimas palavras desta segunda questão, poderemos direcionar as nossas escolhas para o que é ilusório e passageiro. Optar por uma vida mais simples, com mais caridade e solidariedade, não nos tornará fracos, desinteressantes, pouco competitivos.




A simplicidade nos convida à reflexão. 





O convite de Cristo é para a partilha. Ele não nos quer diminuídos, acuados, envergonhados, mas, sim, prontos para a alegria de uma vida, verdadeiramente, em comum. E só poderemos exercer esse Dom Divino, se renunciarmos ao que nos distancia desta proposta. Cristo nos quer mais próximos uns dos outros, em momentos de entrega espiritual e humildade. 

Jesus nos mostra este contexto ao longo de sua trajetória como homem, aqui na terra. Ele esteve, sinceramente, com todos os pecadores, mostrou-nos a ausência de preconceito, a piedade sem limites. Mostrou que o perdão é difícil quando não nos abstemos de nós mesmos, que é difícil perdoar quando não amamos. E, ainda hoje, como Deus Vivo, Jesus pode renunciar, quando é misericordioso. 


"Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la". Mateus 16,24-28


Este ensinamento de Jesus é magistral. Faça uma oração, em silêncio, e dedique alguns minutos da sua jornada a este chamado. 








Texto e imagem: Cláudio Gontijo

sexta-feira, 20 de março de 2015

José













Ao se deparar com o fato de que sua prometida esposa trazia no ventre uma semente de vida, José recolheu-se em silêncio. O silêncio daquele que visualizava algo milagroso e divino mas, como homem comum, também era tocado pela dúvida. Ele pode ter julgado ser indigno da Graça que não foi capaz de delimitar. Ao silenciar seu coração humano, José recebeu um afago sobrenatural e Divino de um Anjo.

A paciência e justiça daquele homem deu a ele a herança maior. A vida. A salvação. A plenitude em meio ao equilíbrio e a prudência.

Com o sacrifício, a humildade e a perseverança, José se fez Pai. Propiciou o alimento e se fez alimento, acolhendo, tornando-se parte da Sagrada Criação, da Sagrada Família. 

A vida humana de José terminou antes que ele presenciasse a Crucificação de Cristo Jesus. Mas certamente ele, pela Fé, silenciaria-se diante da cruz; a exemplo de Maria.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Buganvilias, Cores e Brácteas

Quem gosta de plantas ou é um observador curioso, já notou vegetais de jardim que durante quase todo o ano deixam à mostra ramalhetes coloridos de flores. Brancas, vermelhas, róseas, amarelas; os cachos parecem não economizar nas pétalas múltiplas.




As brácteas róseas de uma buganvilia quase arbórea que eduquei durante anos. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG





Mas é preciso informar que as pétalas não são pétalas. A Bougainvillea spectabilis  ou Bougainvillea sp é uma planta trepadeira, de porte arbustivo e menos arbóreo. Alguns tipos de vegetais, atendo-se às plantas de jardim, para os amantes (que devem ser os leitores mais indagativos), desenvolvem folhas modificadas cuja função é dar sustentação e receptáculo às flores verdadeiras. Estas inflorescências costumam ser, geralmente, de tamanho reduzido e surgem tímidas em meio ao colorido das brácteas; é este o nome. O que parece uma flor generosa que estampa cores várias vezes ao ano, é uma folha modificada, é uma bráctea. As plantas Bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima), Camarão-amarelo (Pachystasys lutea), Mussaenda-rósea (Mussaenda alicia) são exemplos comuns de brácteas.



Brácteas de variadas cores e as pequeninas flores. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG



















As Buganvilias ou Primaveras como são mais conhecidas, originam-se no clima tropical da América do Sul. Gostam, portanto, de temperaturas mais altas e de muita exposição ao sol. Apesar das suas brácteas exporem-se durante quase todo o ano, é no período chuvoso que elas ficam mais reduzidas e tímidas. A floração destas espécies é comum no período da estiagem, ou seja, de junho a setembro. 

Quem quiser cultivá-las fique atento a estas dicas:
- plante-as (mudas em estacas) em locais que recebam muita luz solar.
- evite o excesso de água em suas raízes, que pode apodrecê-las tornando a planta fraca e com poucas brácteas.
- utilize os adubos orgânicos (cuidado com o excesso) e os químicos ricos em fosfatos (estes fomentam a germinação das folhas, brácteas e flores).
- promova podas regulares para educá-las, geralmente com maior frequência na primavera.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Embrulhos do tempo











Entre aqueles que vão percorrendo o caminho,
alguns transportam, embrulhado em papel pardo, as suas mágoas remoídas e encardidas.
São rancores que não puderam ser deglutidos, digeridos, diluídos.
Então são mascados, revividos, repassados, em pequenos pensamentos, em minúsculos acontecimentos, de espíritos miseráveis.
Estes grossos pacotes estão amarrados em barbantes de pouca fé e de descrença.
Ainda que não haja, de pronto, o maior dos remédios,
uma receita preciosa também não virá.
E para que estes pacotes não permaneçam lacrados,
o tempo, e só o tempo, vai desgastando-os,
desbotando o seu conteúdo.
Enganos, equívocos, vão sendo escavados,
como em duras e teimosas pedras.
Até que se percam ao longo da estrada.
Alguns destes corações irão livres,
outros permanecerão quase inertes e embrutecidos.




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Cruz

A leveza da Lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta). Imagem: Cláudio Gontijo




"Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me". Lucas 9:23.



A fé e a caridade podem se tornar inatingíveis, em um caminho penoso, sob a perspectiva do egoismo. A cruz dos nossos compromissos e responsabilidades tende a ser lapidada e diminuída. Sem o seu peso e porte, necessários ao crescimento espiritual, uma falsa leveza nos conduz  a escolhas angustiantes. 

Carregar a cruz não significa optar por uma vida martirizante, ao contrário, ela nos conduz à possibilidade do perdão, da conversão, da oração, do amor verdadeiro. Este não é o caminho da alienação, antes, é a jornada para uma vida longa de paz e alegria. A verdadeira paz, a alegria plena.





"Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo". João 14:27


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Ipê-rosa, maravilha no sertão

De julho a outubro é comum observar que a paisagem dura e parda do sertão mostra manchas roxas e róseas junto à sequidão. São os inúmeros Ipês que crescem em meio à mata dos capões, nos campos de pastagens, no cerrado. Neste período é inverno nas regiões de clima tropical, no centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. A estiagem provoca a queda de quase todas as folhas desta espécie (Tabebuia impetiginosa) e nos galhos brotam a floração rósea ou arroxeada, com muitas inflorescências (locais onde se agrupam as flores). 






As flores de um Ipê-rosa ainda jovem. Imagens: Cláudio/Cláudia Gontijo/Lassance-MG






As flores produzem vagens (frutificação) que, por sua vez, liberam várias sementes aladas. Estas são levadas pelo vento espalhando-se ao longo das matas, dos campos. 
Estes vegetais apresentam uma madeira muito resistente e de relativo valor comercial, por este motivo estas espécies já apresentam risco de extinção.


As vagens que produzirão as sementes. Imagem: Mariana Lorenzo







As sementes apresentam películas que as tornam aladas. Imagem: umasementepordia.blogspot.com



















O Ipê-rosa atinge uma altura que varia de 8 a 20 metros, em média. A sua casca possui valor medicinal, sendo utilizada como cicatrizante e em determinadas doenças de pele. Os Ipês constituem uma importante opção para o paisagismo urbano e para a recuperação de áreas degradadas, em função de seu rápido crescimento e de suas raízes serem pouco agressivas.