Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Além da estiagem e das novenas

Verifiquei com perplexidade a possibilidade remota de que as águas venham atenuar as máximas temperaturas de 31 a 40 graus. Uma grande área pessimista se estende principalmente pelos Estados do Centro-oeste, Nordeste e Sudeste. Nela uma massa de ar quente impede o avanço das frentes frias e, consequentemente, das chuvas.

Muitos dizem ser um castigo do Criador. Afirmam que os indícios do fim dos tempos já se espalham diante do desespero da população. Outros acreditam na misericórdia de Deus e esperam pelas bençãos dos céus. E pouco se fala do aquecimento global, oriundo do descompromisso dos países ricos com a emissão crescente de gases danosos na atmosfera. A memória se distancia do fato de que a imensa estufa criada em torno da terra pelos gases industriais, está se consolidando ao longo das décadas. Esquece-se também do aumento progressivo das falhas na camada de ozônio, com a impiedosa e crescente passagem da radiação solar em valores anormais.




O Rio das Velhas está raso, assoreado, e agonizante. Imagem; Cláudio Gontijo/Lassance-MG



Em um dia com clima semi-árido poucos se lembram dos agricultores, os grandes do agronegócio, que vão eliminando a vegetação nativa, o cerrado, para plantar toneladas de sementes de soja. O mesmo cerrado vai sendo substituído por extensos canaviais que alimentarão as usinas de álcool. Não é outro cerrado que vai dando lugar a áreas crescentes de reflorestamentos de eucalipto.



O leito seco do Córrego São Gonçalo, castigado na região da sua nascente pelas reflorestadoras e pelos pecuaristas. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG



Aqui, no sertão, muitas casas, apartamentos, camionetes, televisores, viagens, joias, foram comprados a partir dos fornos clandestinos que queimaram, além do cerrado, parte das matas que umidificavam e fortaleciam as nascentes de córregos de importância vital para o equilíbrio da fauna e flora. Agora, antes dos terços e das novenas, vamos tentar salvar o que resta e recompor o que é possível. Vamos pedir a Deus um futuro menos desalentador e torcer para que todos os jovens tenham acesso à Educação Ambiental.


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