Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Ecdise





Penso que a mudança é pela vida, para que traga mais vida.

Penso que tudo muda, que não há o que não se altere.

Penso que a mudança vem e todas as coisas se renovam.

Penso até que há urgência nisso.

Penso que a vida sempre pede mais vida.










Imagens: Cláudio Gontijo

sábado, 22 de agosto de 2020

Histórias do Sertão 11: A conversão do Juca Ramiro

 





Aconteceu que numa madrugada de tempo fresco Juca Ramiro acordou sem forças para movimentar suas pernas, para movimentar qualquer parte do corpo já carcomido, envelhecido. A dor que parecia cortar seu peito, não pôde ser guardada numa das seringas. Muitas delas foram esvaziadas e o temido Juca, das terras e das muitas cabeças de gado, dos muitos agregados, das generosas gorjetas para o que quer que comprasse, foi levado e acomodado entre os inúmeros aparelhos de uma sala. Nem seu semblante carrancudo, sua voz impaciente, pode evitar que permanecesse ali por vários dias. Ataque do coração. Foi entregue em papel bem escrito aos seus diversos filhos. 

Como o Juca era viúvo já há alguns anos, restou-lhe a Maria do Socorro. Mulher miúda, de olhos entristecidos, vivos. Maria caminhava rápido fazendo ranger as tábuas do velho casarão. Apressava em providenciar os desejos azedos daquele homem acostumado aos horários sem qualquer atraso. O que aquela mulher servil  carregava em qualquer tempo era um livro, grosso, de páginas remexidas, amareladas. As letras da capa dura indicavam que eram parágrafos de fé. Marcada em vários pontos, tinha palavras sublinhadas, circuladas, anotadas no rodapé. Ela ainda tinha mesmo alívio para suas dores nos cultos da pequena igreja, no salão pintado em cores fortes, onde os sermões eram quase que gritados por um homem que dizia ser abençoado, chamado por Deus para conduzir aquelas poucas almas que cantavam alto, louvando, batendo palmas. 

Por muitos dias Maria se acostumou a deixar o seu livro aberto já bem perto do Juca. O homem ia lendo a escrita confusa, não sabia o que de fato dizia. Mas encontrava curioso aquelas páginas ao alcance das mãos trêmulas. Deu então para resmungar com aquela que o servia, sem afastar de todo a curiosidade. Ralhava com a criada, maldizia, em poucas palavras, para perguntar só o que dizia de fato aquela escrita. E ia atiçando a curiosidade. Com os dias já pegava-se de joelhos, de olhos úmidos, de mãos atadas, em preces sem rumo. 

O Juca envelhecia a cada dia, sem querer medir os pastos, sem mexer com os maços de notas guardados no cofre, junto à carabina, num canto do quarto. Juca queria mesmo era chamar a Maria do Socorro, a Maria da fé, que ia agradando, parecendo-lhe mais alinhada, até perfumada. O Juca acabou mesmo por se engraçar por aquela que o servia. Passou a reservar lhe uma conversa mais baixa. Já não lhe era de todo estranho esperar a passagem do domingo à espera do seu livro sagrado, que vinha logo no começo da semana, junto aos afazeres daquela criada. Já apreciada. Até desejada.

Na sua solidão, naquele árido de verde e companhia, Maria pensou, orou, clamou, glorificou. Até que ia se resolvendo pelos olhares do velho moribundo. Até que foi remexendo as idéias, assentando seus pálidos sentidos. E foi assim caminhando para o casarão. Já tinha seu quartinho reservado. Seus ganhos mais ajeitados. E os cultos ficaram quase que nem sempre lembrados. 

O Juca resolveu-se de todo e chamou Maria para companheira. Não tinha mais esposa, nem filhos que viessem àquela casa, nem nenhum conhecido que se arriscasse a contar, escandalizado, aquele romance. Maria afastou-se assustada, não desejava união sem regra, sem bençãos, sem o consentimento das orações. O velho não aceitava o casamento. Maria não queria aquela vida. Juntou então seus pertences, apressou o passo e foi se embora.

Juca Ramiro caiu acabrunhado. Mal se achegava à varanda. Já nem sabiam das suas ordens. Agarrou-se ainda mais ao livro. Lia e se engasgava, amuava ainda mais. Queria mesmo os ensinamentos da Maria. Queria seus caldos, seus cuidados, seu silêncio. Queria Maria de volta. 

Enviou a ela um bilhete onde se acertava com o casamento. Acordou-se com o vigário, achando-se agora de todo salvo e iluminado. Continuaria com os donativos, mas casaria no acanhado templo dos irmãos da sua Maria. E assim se deu o ocorrido. 

Diante da velhice e do tempo, nunca houve, de fato, completa união. Conta-se que ele se converteu de todo. Vendeu o gado, as terras. Vieram, afinal, todos os seus; raivosos. Quiseram internar o João. Mas não houve um laudo sequer, nenhum achado de loucura. 

Em teimosia e fervor, esqueceu a avareza, doou o que apurou para a caridade. Comprou casa pequena na cidade. Lá terminaria seus dias junto às leituras, quitandas, e, agora, pregações, de sua Maria do Socorro.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Oração para a noite







Senhor, se queres, podes purificar-me!




Rezemos cinco Pai Nossos, para cada uma das Cinco Santas Chagas de Cristo.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Histórias do sertão 10: o João da Cota






O som era de palmas mal batidas, sentidas, palmas de mãos fracas e tortas. Palmas abafadas pelo grosso dos calos. Nem todos ouviam. Mas ele permanecia diante da casa, em pé, de fora das cercas de arame farpado. Outras vezes apoiado em alguma estaca,  no passeio de chão duro, um barranco fora do nível. Corpo encurvado. Joelhos que pareciam estar se dobrando com o tempo. A calças eram largas, sujas, amarrotadas, pisadas, e tinham sempre a barra gasta, arrastada pelo caminhar. Botinas de bico quase que de todo aberto. O cordão barbante apertava a cintura.

Alguém que o avistasse à porta, vinha logo. Muitos o temiam. Mas muitos sabiam. Sabiam que buscava sempre, e só, o café. Mas diziam que os seus olhos carregavam o mal olhado. Diziam que se fosse certeiro sobre um pequeno que fosse, amaldiçoava. Adoentava. Apertava o crescimento. Desfalecia.

Mas nunca foi de todo esquecido. Era até mesmo querido. Pelos anos a fio. Pelas rezas que afirmavam sair como um cochicho de sua boca de poucos dentes. Rezas no árido da vida trabalhosa, penosa. Curava muitos dos males curtidos sob o sol daquela terra quente e seca.

Juravam que já havia vivido mais de 100 anos, na pele negra, nos olhos amarelados, velados, fundos, no semblante de pouca fala. Uma figura sem igual no sertão do Velhas. Punha o medo, punha um certo silêncio, um restolho de sabedoria, e saia de novo sem rumo. Gostava mesmo era de andar pelas estradas de terra e poeira. Era visto em povoados diversos. Não cabiam as contas de quanto era capaz de perambular.

Houve mesmo um dia em que assentou-se no tronco seco, largado ali há muitos anos. Nesta ocasião negaram-lhe a porta aberta. E a sua parada, dada como certa, terminou por ali mesmo. A mulher, desconfiada, amuada, acabou por ficar debaixo do tingui, ao fundo do casebre. Embalava o choro de um menino que não desejava o peito e nem a quietude da tarde. Era febre. O mal ficava, não se estancava.

Continuava ali o João da Cota. Olhava a estrada sem viva alma quando ouviu os gritos daquela por demais aflita. Ajeitou-se com dificuldade, firmou as pernas e seguiu até a casa. Deu a volta. Resmungou e pediu a criança. A mãe recuou. Ele puxou e a deitou nos braços. Olhou, não se sabe se ouviu ao certo. Mas conta-se que o pequeno calou e, à sombra da árvore, sorriu em alívio, um riso de vida. Diante de toda aquela lida.

Foi então  que lhe foi tomado às pressas, em ríspido gesto, aquele inocente. O  João não resistiu. Agora tombava. Escapou do cajado em que se apoiava, um cabo velho de enxada, e caiu. Muitas vezes contido, agora destruído. Seu tempo acabou.

O corpo foi velado ali mesmo, no lugarejo. Na acanhada capela, diante do peso da notícia, ninguém se atreveu a entrar. Nem a rezar. Algum sinal da cruz e a fumaça das lamparinas. Permaneceu lá mesmo, inerte, noite a dentro. Até que se resolveu pelo enterro. Naquela escuridão. Sem mais demora. Já fora de hora. Sem qualquer promessa.

Aquele menino cresceu. Virou homem feito. Deixou a família. Não parava em nenhum lugar. Diziam ter herdado a sina do João. Falava-se até mesmo que podia escutar as palmas, as almas. Eram noites de vento forte. Noites enluaradas, na beira das estradas. 


domingo, 17 de maio de 2020

A doutora e os respiradores










Uma médica deu uma sugestão. Era endereçada àqueles que pediam a reabertura do comércio durante um grande surto.  Eles leram a opinião da médica em aparelhos sofisticados. Outros viram no noticiário em grandes salas.

Colocariam os funcionários de suas empresas na linha de frente; nos balcões, nas ante-salas, entre as mesas, dariam continuidade aos negócios. A doença havia se disseminado mas os empregados se contaminariam por eles. Caso algum vírus violasse as suas residencias havia a possibilidade de encontrarem respiradores nos hospitais cobertos pelos abrangentes planos de saúde.

Quando a doutora sugeriu que estes bons empreendedores, que desejavam desbloquear todo o comércio, assinassem um termo de compromisso abrindo mão dos tais respiradores, eles nada disseram. "Que dispensassem, então, os respiradores". Foi a sugestão da médica. "Médica de lugarejos sem mapa", disseram eles.

Aconteceu que estes homens de negócios foram até os diretores de hospitais, até os seus médicos particulares. Talvez tenham determinado a eles que lhes reservassem leitos. Esta reserva seria feita a partir de contrapartida compensadora.

Moradores de um aglomerado também viram a notícia que falava daquela jovem doutora. Viram no noticiário, na hora do almoço, diante da TV. Ainda que estivessem pagando as prestações daquele novíssimo aparelho, ainda que tivessem que responder ao chamado urgente do seu gerente, guardaram as palavras daquela doutora. Iriam reproduzi-las nas cozinhas dos restaurantes, nos grandes canteiros de obras, nos corredores de prateleiras coloridas. Mas muitos não tiveram como realizar tal desejo. Foram dispensados. Os que ficaram também tiveram dificuldades. Alguns dos colegas confidentes estavam isolados, outros permaneciam em hospitais lotados, outros já tinham partido.

Agregados de uma extensa fazenda também se depararam com a notícia. Comentaram com seus encarregados no refeitório. Quase se negaram  a receber os caminhões de medicamentos veterinários. Mas acabaram por concluir que aquela doença estava longe dali. Decidiram permanecer onde estavam, em alojamentos, com o seu já escasso salário garantido no final do mês.

Assim a ideia daquela doutora, que diziam ser de esquerda, foi se desbotando até desaparecer por completo. Dissolveu-se nas cores das bandeiras de passeatas. Bandeiras das janelas de carros  que a médica não poderia comprar.  Mesmo com todos os seus cursos, estágios, economias. 

A vida e a lida teriam continuado se o planejado tivesse acontecido. Os protestos até que funcionaram. Tudo foi reaberto. Mas faltaram os tão guardados respiradores. Muitos daqueles endinheirados acabaram por vir ao mesmo tempo para seus leitos especiais nos hospitais e os aparelhos não tinham como respirar para todos. Mesmo com todas as máscaras, luvas, antissépticos. Mesmo com todo o estoque de alimento que havia em seus armários. Mesmo com todos os entregadores de encomendas que vinham até a sua porta, quase todos adoeceram ao mesmo tempo.

O mercado parecia ter adoecido também. Os investimentos tinham sido contaminados. A moeda escasseou. Correram então para ir ao encontro de todos os poderosos eleitos, infectologistas, matemáticos.  Não havia solução que abastecesse de novo os cofres.

Aqueles que ainda podiam pagar, chegaram a comprar, encomendar, cultos, videntes, drogas promissoras. Falsificaram notícias. Mas os que haviam se salvado já não podiam visitar seus pais, seus filhos, seus parceiros de negócios.

Então chegou o dia em que todos já podiam opinar. Agora os microfones estavam mais ávidos. E muitos puderam ouvir ou tiveram que ouvir. Vieram os operários da linha de frente e se juntaram aos executivos. Choraram, enfim, juntos. Permaneceram assim à espera do antídoto que dispensasse os respiradores.

Um dia, quando tudo já havia sido gasto, a vacina chegou. Muitos se curaram. Muitos se cumprimentaram. Muitos se indignaram. Mas já não havia tantos bancos, tantas indústrias, tanto dinheiro. Havia mesmo, agora, ruas lotadas. E todos caminharam ao mesmo tempo, todos iguais, com as mesmas pernas. Não havia mais ricos e nem pobres.

Mas e a médica? Onde estava agora? Disseram que havia se contaminado em um hospital de campanha. Curou-se. Propuseram-lhe uma candidatura política. Não se sabe ao certo o seu paradeiro.









quinta-feira, 14 de maio de 2020

Aves: animais homeotérmicos, penas

A evolução animal determinou um certo grau de parentesco entre répteis e aves. As duras escamas e placas ósseas de um dinossauro podem ter se transformado, ao longo de milhões de anos, em leves e resistentes penas como cobertura para a pele. Um passo à frente que deu às aves a capacidade de se locomoverem por longas distâncias, vencendo as más condições de vida de uma determinada região ao migrarem para outra mais favorável. Aqueles pesados animais pré-históricos foram eliminados em regiões inóspitas, as aves buscaram sobreviver em locais mais adequados. 

A Lavadeira-mascarada parece se contorcer, "arranjando" suas penas. Imagem: Cláudio J Gontijo/Sete Lagoas-MG

Como as aves voam ?
Alçar voo, planar levemente no ar, em uma dança efetuada a grandes alturas, é um sonho de muitos. Alguns fatores tornaram estes animais privilegiados.
1- Ossos pneumáticos e sacos aéreos.
Os ossos das aves possuem numerosas cavidades internas que os tornam mais leves. Essas cavidades comunicam-se em um complexo sistema respiratório, cujo ar pode ficar armazenado em "embalagens", denominadas sacos aéreos. Com este mecanismo o corpo de um pássaro torna-se menos denso, quase próximo de  flutuar durante o voo.

As cavidades dos ossos pneumáticos das aves. Imagem web


Os sacos aéreos recebem ar do sistema respiratório. Imagem web


2- Penas
Estas estruturas leves, compostas de inúmeros "fios" bem entrelaçados, presos a minúsculas armaduras córneas (parecidas com as placas protéicas formadoras dos chifres), irão compor as asas. Longas asas e batidas lentas para distâncias maiores, asas curtas e batidas muito rápidas para vôos menores e velozes.

3- Músculos peitorais
A estrutura muscular peitoral da maioria das aves é vigorosa e muito desenvolvida, podendo efetuar inúmeras contrações para um batimento contínuo das asas. Vejamos o impressionante exemplo do beija flor: este pequeno pássaro é capaz de bater as suas asas por cerca de 90 vezes em um segundo, para isso seu coração precisa "disparar" e  os batimentos cardíacos chegam a mais de 1200 vezes por minuto.

4- Metabolismo e fisiologia diferenciados.
Não há bexiga que acumule a urina nas aves. Pode se observar que as fezes saem sempre umedecidas, misturadas ao líquido que compõe a urina. O processo digestório é rápido e o alimento não permanece por muito tempo no organismo, assim o corpo fica ainda mais leve para o voo.

O pequeno Beija-flor-tesoura pronto para  um vôo veloz. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG



terça-feira, 14 de abril de 2020

Aedes aegypti, o mosquito do Egito

O mosquito é natural do Brasil?

O mosquito Aedes aegypti é originário do Egito. Existem várias espécies do gênero Aedes causadoras de doenças, geralmente espalhadas por regiões tropicais do planeta. O Aedes aegypti, mosquito egípcio, chegou até a África e, a partir deste continente, espalhou-se para as Américas trazido por colonizadores europeus. 






Porque o Aedes se reproduz em maior número no verão?

O aumento da temperatura terrestre favoreceu a multiplicação dos insetos de um modo geral (observe como pulgões, gafanhotos, aumentaram). Com o mosquito Aedes aegypti não foi diferente. No Brasil os verões chuvosos e quentes  formam o ambiente ideal para a reprodução desta espécie. Neste período o seu ciclo reprodutivo fica mais curto e apresenta maior velocidade. A melhor temperatura para a sua multiplicação ocorre em torno de 30 graus. Reproduções mais rápidas, mais mosquitos, mais contaminações. Temperaturas mais baixas tornam o ciclo 5 vezes mais lento.


Porque há necessidade de sangue?

Após o cruzamento entre o macho e a fêmea ocorre a fecundação.  A cópula pode ocorrer durante o voo ou em superfícies planas. A fêmea é capaz de sugar sangue antes da cópula, em menor escala, mas após a fecundação busca a hematofagia de forma voraz para que ocorra a maturação (formação) dos ovos no ovário e o seu desenvolvimento completo. O sangue possui nutrientes (proteínas específicas) que favorecem os ovos. Sem sangue não ocorre o seu desenvolvimento. A maturação dos ovos ocorre em 2 dias (48 horas).




Ciclo reprodutivo simplificado

Macho e fêmea alimentam-se de seiva vegetal (caules, frutos) e néctar (flores). Mas a fêmea precisa se alimentar de sangue para a produção dos ovos. Ela necessita de nutrientes presentes no sangue (proteínas específicas). A postura dos ovos já pode ocorrer 3 dias após a ingestão de sangue.





Os ovos desenvolvidos são depositados em locais próximos ao ambiente aquático, em recipientes contendo água parada, geralmente um pouco acima da linha d'água. Em contato com a água os ovos eclodem em 2 dias. Após eclodirem darão origem a larvas que passarão por 4 estágios ate chegarem a uma morfologia mais desenvolvida denominada pupa. A pupa então se transformará na forma do mosquito adulto. Detalhe: mosquitos mais adaptados aos ecossistemas já conseguem se reproduzir em volumes de água cada vez menores.




O ciclo completo partindo dos ovos dura em média 7 a 10 dias. Em função deste ciclo, as regiões com possíveis reservatórios de água parada devem ser vistoriadas semanalmente. Não é correto o fato de que o mosquito se reproduz apenas em água limpa, ele pode fazer seu ciclo reprodutivo em água com muitos resíduos. 



As larvas possuem grande mobilidade 


A forma adulta possui vida média de 6 semanas. Neste período a fêmea é capaz de produzir cerca de 150 a 300 ovos. A fêmea quando não encontra locais propícios para depositar seus ovos vai espalhando-os em locais adequados. Podem ser diversos pontos em um raio de até 1500 metros. Eles são resistentes e podem sobreviver cerca de 1 ano em condições adversas (seca prolongada, por exemplo). Os ovos já podem iniciar o seu desenvolvimento para a eclosão com menos de 40 minutos de submersão na água. 

Um mosquito portador do vírus pode infectar 1 pessoa para cada lote de ovos. No entanto, segundo estudos, pode picar infectando até 4 ou 5 pessoas. Durante a sua vida curta, 1 fêmea pode infectar até 300 pessoas. 



Aedes aegypti possui menos de 1 cm de tamanho. A presença de listas brancas e negras é característica em seu corpo


Não é tão simples observar a presença deste inseto

A morfologia externa do mosquito permite que ele se torne menos visível (camuflável) em ambientes com pouca luz: debaixo das pias, atrás de portas, debaixo das camas. Ele prefere ambientes sombreados que se localizem fora da luz solar direta. A sua picada pode ocorrer em qualquer horário do dia, no entanto é mais frequente no período da manhã e no final da tarde. Mas podem ocorrer picadas à noite. Outro fato interessante: o mosquito possui substâncias anestésicas e anticoagulantes em sua saliva. Muitas pessoas podem não perceber que estão sendo picadas.


Geralmente o mosquito não realiza voos tão altos

Os voos destes mosquitos costumam ser fracos. Por este motivo grande parte das picadas ocorrem em membros inferiores, pernas e pés. Estas regiões também possuem substâncias (secreções) que os atraem pelo odor.  



quinta-feira, 19 de março de 2020

Vírus: proteína e material genético

Doenças Virais

Um resfriado vai manifestando os seus sintomas: tosse, dores no corpo, coriza, febre. Em algumas horas virá a sensação de cansaço e mal estar. Seres de tamanho reduzido (submicroscópicos, ou seja, que não podem ser vistos por um microscópio comum) atacam as células e vão se replicando com muita rapidez. Por isto os sintomas aparecem de forma súbita.

Gripe, sarampo, hepatite, catapora, herpes, raiva, varíola, dengue, febre amarela, rubéola, poliomelite, meningite viral, AIDS são doenças causadas por estes seres a que denominamos vírus. 

Em algumas situações não há vacinas que poderão combater as doenças virais. Outras formas de medicação não combatem o vírus. Neste caso somente o organismo será capaz de produzir substâncias para controlar a enfermidade, os anticorpos. Os anticorpos fazem parte do sistema imunológico. Eles marcam os corpos estranhos para que sejam destruídos pelo próprio organismo. Esta ação pode levar frequentemente alguns dias. Em outras situações existem medicamentos que atuam nos sintomas controlando a doença, como é o exemplo da AIDS e outras infecções virais. 

O Vírus sobrevive sozinho?

O vírus não possui estruturas, organelas, celulares. Eles necessitam das células para a sua sobrevivência e para a reprodução. Sem o organismo celular o vírus é uma partícula de pouca atividade, de pouca dinâmica. No entanto eles são capazes de permanecer por um determinado período fora do ambiente celular.

O vírus se adere à membrana que envolve a célula e é capaz de deixar seu material genético atravessá-la. Em outras situações eles invadem o interior celular. Este é um dos fatores que os tornam patogênicos, causando muitas doenças.


O vírus se conectando à parede celular de uma bactéria

Os desenhos abaixo são uma forma simplificada de representá-los: 

O vírus é basicamente uma cápsula de proteína que envolve  DNA ou RNA


Formato de alguns tipos de vírus

Como é o vírus. Como se reproduz.

O vírus é formado por uma membrana proteica, uma cápsula de proteína (capsídeo), que envolve o seu material genético: DNA ou RNA. Em uma das suas formas de reprodução este material genético penetra o meio intracelular e incorpora-se ao conjunto de genes (genoma) da célula atacada. A partir deste momento o vírus passa a controlar as atividades deste organismo, conduzindo-o para a produção de réplicas. Ele é capaz de promover uma rápida multiplicação no interior das células. Após a sua reprodução em larga escala ele pode matar as células que o serviram e, em grande número, aderir-se a outras. A  partir desta multiplicação muitos atacarão ao mesmo tempo. Assim é grande a sua velocidade de propagação.



Esquema simplificado de multiplicação viral em uma bactéria. 





Um pouco sobre o coronavírus 


Este tipo de vírus pode causar sintomas semelhantes a um resfriado ao penetrar uma célula do corpo humano. Os principais são:

         
            - Febre
            - Tosse                                                                                         
            - Dificuldade respiratória                           
            - Fadiga      


Os sintomas podem evoluir para doenças pulmonares mais sérias. O vírus preocupa pelo fato de se disseminar de forma veloz e, em alguns casos, por causar complicações respiratórias que não respondem aos medicamentos.


Segundo pesquisas realizadas ele parasita normalmente determinados animais silvestres. No organismo humano ele é capaz de se reproduzir rapidamente. Uma pessoa contaminada pode transmiti-lo com facilidade através da saliva: pela fala, por espirros, pelo simples toque. O vírus também pode se depositar em superfícies como: 

                   
                      - maçanetas                                        
                      - corrimãos                      
                      - grades                        
                      - balcões                 
                      - prateleiras                    
                      - mesas                        
                      - cadeiras.



Pessoas idosas (maiores de 60 anos) ou portadoras de outros tipos de doenças são as que estão no grupo de risco para maiores complicações. São exemplos destas comorbidades:

- cardiopatias                             
- hipertensão                       
- diabetes       
- doenças pulmonares (tuberculose, enfisema, bronquite, asma, câncer)                                     
- outras enfermidades que reduzem a capacidade do sistema imunológico

A maioria das pessoas contaminadas (cerca de 80%) deverá desenvolver formas mais brandas desta virose e não necessitarão de maiores cuidados hospitalares. Outros casos necessitarão de internação em hospitais. Uma porcentagem que situa-se aproximadamente entre 2 e 5% poderá vir a óbito.


Existem várias formas de se fazer a prevenção em relação à contaminação:


- Lavar as mãos várias vezes ao dia com água e sabão.
- Evitar aglomerações de pessoas.
- Não compartilhar objetos de uso pessoal.
- Cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir.
- Não utilizar relógios, bijuterias, joias, ao ter que sair às ruas.
- Retirar as roupas e calçados que tiveram contato com o meio externo em relação ao ambiente           doméstico e lavá-los com assepsia.


As redes sociais cresceram muito e continuam a crescer. Informações propagadas nestas redes sem qualquer conhecimento, falsas notícias, não auxiliam aos que necessitam de um mínimo de esclarecimento. Ao contrário, contribuem para aprofundar a apreensão. O estresse e a ansiedade gerados nesta realidade distorcida acabam por piorar diversos quadros de saúde. O compromisso e a responsabilidade ao transmitir informações são fundamentais.