"...mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência,
a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança.Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo
domingo, 17 de julho de 2022
A esperança que não engana
domingo, 19 de junho de 2022
Histórias do Sertão 12: Pedro Bigode
Quando o vi já quase no passeio tive curiosidade. Muitas vezes passei por aquela fachada, diversas vezes li o nome escrito na parede, acima da entrada. Pedro Bigode. E pelo momento trabalhoso que todos vamos atravessar, pelo vazio na tarde fria, resolvi entrar. E foi então que de maneira inesperada, pelo tom da fala, ouvi a sua voz agora ainda mais cautelosa. Dentro de toda aquela simplicidade, daquele local que parecia esquecido, experimentei mesmo, além do corte ainda caprichoso, a calma e a sabedoria de um homem como poucos que avistamos nas empreitadas. Quase não se percebia os seus movimentos, e toda a sua silhueta era naquele momento de total sutileza, jeitosa pela prática de 50 anos. Talvez por toda uma existência dedicada a um único ofício, tirou de mim estas palavras que descrevem alguma parte daquilo que vivi ali. O Pedro sábio.
Muitos dos que hoje já apreciam lojas de estilo, jovens que são, e não há qualquer reparo nisso, só perdem mesmo a possibilidade de aprenderem um bocado a mais. Ouvir aquela voz que, por si só, já reproduz de pronto o acolhimento. Mas hoje o bom nome não costuma mais correr em assuntos de varanda, vai se esparramando eletronicamente. E como o mundo das pequenas telas nem sempre reproduz a imagem certa, o Pedro de Palma ficou mesmo foi esquecido. Pedro Bigode.
Acredito que o Pedro ainda possui certa clientela. Mais envelhecida também, é certo. Do contrário não estaria ali, olhando o movimento dos carros, daqueles que passavam. Quase ia ficando em branco mais um acontecido, uma outra conversa que tivemos a mais. Concordamos no nosso gosto pelo cultivo das plantas de frutas. Ele disse que fazia inúmeras mudas para plantio e distribuía para aqueles que assim quisessem. E lá fui eu como acabamos combinando, na hora do seu almoço, buscar uma Goiaba de Quilo; já agora bem plantada. Daqui a alguns anos se eu puder saborear a fruta, me virá novamente na lembrança o Pedro Bigode. Na sua calma e gentileza ainda viverá muito, ofertando muitos cortes, prosas e goiabas de quilo.
sexta-feira, 27 de maio de 2022
quinta-feira, 21 de abril de 2022
Trachycephalus mesophaeus, a perereca leitosa
Este pequeno ser vivo com cerca de 6 a 7 cm de comprimento ocorre em variadas regiões do Brasil, do estado de Pernambuco ao Rio Grande do Sul. Habitando áreas da mata atlântica, bordas de matas ciliares, florestas tropicais úmidas, geralmente com arvores situadas nas proximidades de várzeas, lagoas, córregos e rios. Estes anfíbios se reproduzem nos períodos de estação chuvosa, geralmente nas margens da água, até mesmo em poças menores.

São indivíduos que se adaptam bem ao ambiente doméstico movimentando-se mais à noite, quando deixam os esconderijos utilizados durante o dia. Os insetos atraídos pelo luz, sobretudo em casas localizadas em áreas muito arborizadas, com vegetação abundante, lhes servem de alimento. São besouros, grilos, pequenos gafanhotos, baratas, louva-a-deus.
O anfíbio busca insetos que são atraídos pelas luzes externas da casa (Imagens: Cláudio Gontijo)
O corpo destes anfíbios apresenta grande número de glândulas produtoras de secreções protetoras da sua epiderme. Esta secreção, de aspecto leitoso, é também utilizada para captura de alimento e para sua defesa; é formada por um líquido viscoso, pegajoso, muitas vezes fétido e até mesmo tóxico.
Nestes últimos meses, no norte de Minas, muitos gafanhotos tem atacado diversos tipos de plantações numa região próxima à mata ciliar (plantios de mandioca, mamão, cítricos, plantas ornamentais), O aparecimento desta espécie pode contribuir para o controle ou a diminuição desta população de orthópteros (gafanhotos).
quinta-feira, 24 de março de 2022
Mamão Formosa (Carica papaya)
O mamão é um fruto de grande valor nutritivo. Alguns dos seus benefícios são:
- Apresenta grande teor de proteínas (função plástica e energética) e fibras. As fibras agem como bons reguladores do funcionamento intestinal.
- Possui enzimas que auxiliam no metabolismo do colesterol, atuando como substâncias importantes na redução do LDL (colesterol ruim, cujo acúmulo nas artérias pode ser causa de problemas cardiovasculares).
- É rico em betacaroteno (precursor da vitamina A).
- Suas sementes também podem ser consumidas. Possuem boa quantidade de fibras, são ricas em vitaminas A e C, e minerais como potássio, magnésio, cálcio.
O cultivo do mamão formosa é relativamente simples e possui bom rendimento. Seu frutos atingem em média 1 a 2 kg. Desenvolve-se bem em solos arenosos-argilosos, com boa drenagem. Necessita de aproximadamente 4 a 6 horas de luz solar.
Pode-se depositar as sementes diretamente no solo (em covas de aproximadamente 20x15 cm, ou cultivar as mudas em pequenos sacos plásticos adquiridos em casas de produtos agropecuários, assim como as suas sementes. As sementes germinam em 15 dias. As mudas devem transplantadas ao atingirem tamanho de 15/20 cm. Para o plantio doméstico do mamão deve-se manter uma distância de 2,5 metros entre uma planta e outra.
Mamão formosa com aproximados 1,5 kg de peso (Imagens: Cláudio Gontijo)
A sua vida produtiva é de cerca de três a cinco anos. Em três a quatro meses após o plantio ocorrerá a floração. Os frutos estarão formados em um período de 12 a 15 semanas.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022
Mãe
Hoje pude observar os seus movimentos.
Haviam passos que caminhavam até sem cuidado.
Rápidos, resolvidos.
Às pressas, quase sempre às pressas.
É que o seu cuidar não se limita.
É mistério, é vasto.
Mãe.
Em memórias fragmentadas,
e agora junto a estas frustradas linhas,
tentei novamente, hoje, aproximar-me do seu zelo,
do seus sentimentos.
É bom tentar sempre.
Porque são muitos os que desejam experimentar, entender a sua ternura,
que deixa os desejos próprios.
Parece ir se purificando com o passar das horas.
E plena, como certamente deve ser,
volta-se em todo o tempo para aquele que, ao se criar em vosso ventre,
em vosso coração,
torna-se a maior parte da sua existência.
Não pude limitar o seu acolhimento.
É sobrenatural.
Não se apalpa.
Vejo mesmo é que doa tudo de si sem qualquer estanque,
sem desejo de troca,
em amor sem igual.
Amor que não é vaidoso,
que não desanda.
Amor que não reclama,
não se aflige.
Amor que é vida,
como a vida quer.
Como a vida vai mesmo ser.
terça-feira, 5 de outubro de 2021
Nyctidromus albicollis , o Curiango-comum
Curiango-comum ou bacurau, como são conhecidos, são aves de hábitos noturnos que vivem nas bordas das matas, matas ciliares dos rios, no cerrado, em campos modificados para o cultivo. Vivem em uma ampla área que vai desde a América Central até o norte da Argentina.
Durante o dia eles preferem a vegetação mais fechada onde costumam ficar praticamente imóveis e camuflados entre as folhas. Quando a noite vai se aproximando eles pousam em áreas mais abertas à procura de alimento. Embora permaneçam boa parte do tempo no solo, são voadores de grande habilidade devido às suas asas vigorosas. Capturam grande quantidade de insetos ao pousar ou durante o voo ao abrir largamente o bico (besouros, mariposas, formigas, gafanhotos). Costumam ser vistos mais facilmente nas estradas à noite, voando de um ponto ao outro quando são incomodados.
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O pássaro no chão, camuflado, como é seu hábito. |
O seu ninho também é feito no chão, sem muitos ramos. Em uma meia tigela no solo depositam em média 1 ou 2 ovos que vão eclodir em 3 semanas. Os filhotes permanecerão mais 3 semanas no ninho. Durante este período são alimentados pelo macho (que também se reveza com a fêmea chocando os ovos). Os filhotes vão se arriscando a voos ocasionais e, quando retornam ao ninho, pelo aprendizado, permanecem imóveis e camuflados, protegendo-se dos predadores.
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O ninho com dois ovos, no chão. |
O canto do Curiango é característico. Pode ser ouvido com mais frequência nos períodos mais quentes do ano, onde a disponibilidade de alimento é maior. Muitos apreciam o som deste canto em meio às noites do sertão, onde são ouvidos em vários pontos. Algumas lendas costumam envolvê-lo.
terça-feira, 10 de agosto de 2021
Coruja-buraqueira II - Athene cunicularia
Os filhotes da coruja buraqueira ou coruja do campo vão sendo observados com maior frequência de acordo com o volume de reprodução destas aves. A população desta espécie tem aumentado em várias regiões do cerrado. No norte de Minas o volume de chuvas diminuiu nos últimos anos e houve aumento das áreas degradadas (desmatamento) prejudicando a vida de alguns dos predadores desta espécie como gaviões e determinados tipos de serpentes. Por outro lado a alimentação destas corujas é muito variada. Estes são alguns dos motivos que explicam o aumento destas populações.
Os filhotes vão adquirindo a agilidade das aves de rapina (carnívoras) após permanecerem cerca de 30 dias nas tocas em que são gerados, onde a espécie coloca os ovos. Após este período já são capazes de caçar a presa para a sua sobrevivência.