Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Face a face






Hoje caminhamos confusos, onde o eixo é dúvida,
onde pensamos não haver como continuar,
sem qualquer olhar,
sem qualquer proposta,
sem nenhum abraço.
Mas então haverá o tempo em que amanhecerá,
e contemplaremos soluções onde se desenhava o improvável.
O mal se tornará decadente,
a desconfiança ficará em uma valeta da estrada,
carcomida e amarelada.
Mas tudo aquilo que experimentamos não se livrará do tempo,
o implacável tempo que tudo altera,
que deixará gastas todas as certezas absolutas que afirmamos e juramos,
pela nossa vida,
que também passará.
Todos sairão de suas jornadas,
porque elas deixarão de ser escolhas,
todos terminarão suas orações,
porque elas ficarão imprecisas,
todos deixarão suas palavras,
porque elas serão desnecessárias,
diante do que se colocará diante de nós.
Então veremos face a face,
aquilo que transportaremos, legítimo, para uma dimensão que estará em nós,
onde o amor dirá todos os dons,
todas as curas,
milagres,
preces,
confissões.
E mesmo com a esperança que transportamos a passos rápidos,
preocupações,
ocupações,
tudo ainda terá sido minúsculo,
diante do que teremos,
por uma imensurável,
necessidade de vida eterna,
de vida em licitude,
de vida em plenitude,
de verdade..





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