Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

sábado, 25 de outubro de 2014

A coragem tem cor











Não é o objetivo deste pequeno espaço tratar de temas relacionados ao terreno baldio da política nacional. Nunca pude assimilar a lógica perversa que vai cerceando toda a boa vontade e semeando a discórdia em todas as esquinas partidárias. Já não há vencedores e vencidos neste universo das vaidades, eles apenas transitam entre os lucros financeiros e os prejuízos a serem repostos em novo pleito. Mas a indignação é como a Fé, em alguma volta de nossa jornada iremos experimentá-la ou vamos deixar para trás a energia que nós mantem acordados.



Os últimos anos trouxeram a minha doce Ana. Agora tenho medo de confundi-la neste país de podridão e impunidade. Resolvi torcer por dias melhores. Dias mais oxigenados, mais livres das bombas que vem minando a corrida dos simplórios, dos miseráveis que vivem à margem de qualquer sentimento esperançoso. Vou lendo todos os artigos, todas as páginas dos noticiários cibernéticos que se estampam diante de mim na mudança das telas. Talvez inconscientemente, vou idealizando um futuro onde é possível contemplar partidos políticos menos revolucionários e mais responsáveis. Menos populistas e mais solidários. Menos corporativistas e mais acessíveis. 



Não pretendo deixar sem cor o meu voto. Ainda que eu tenha muita desconfiança diante da volatilidade dos ideais parlamentares. Mesmo quando não souber os nomes ou os números, ou as siglas, ou os salários. Penso novamente na minha filha, penso que preciso agir rápido, usar a verdade como remédio para a amargura apartidária. Quero deixar para ela um exemplo mais nítido, mais alegre; de coragem. De crença em um país que superou todas as tempestades, e calmarias. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Além da estiagem e das novenas

Verifiquei com perplexidade a possibilidade remota de que as águas venham atenuar as máximas temperaturas de 31 a 40 graus. Uma grande área pessimista se estende principalmente pelos Estados do Centro-oeste, Nordeste e Sudeste. Nela uma massa de ar quente impede o avanço das frentes frias e, consequentemente, das chuvas.

Muitos dizem ser um castigo do Criador. Afirmam que os indícios do fim dos tempos já se espalham diante do desespero da população. Outros acreditam na misericórdia de Deus e esperam pelas bençãos dos céus. E pouco se fala do aquecimento global, oriundo do descompromisso dos países ricos com a emissão crescente de gases danosos na atmosfera. A memória se distancia do fato de que a imensa estufa criada em torno da terra pelos gases industriais, está se consolidando ao longo das décadas. Esquece-se também do aumento progressivo das falhas na camada de ozônio, com a impiedosa e crescente passagem da radiação solar em valores anormais.




O Rio das Velhas está raso, assoreado, e agonizante. Imagem; Cláudio Gontijo/Lassance-MG



Em um dia com clima semi-árido poucos se lembram dos agricultores, os grandes do agronegócio, que vão eliminando a vegetação nativa, o cerrado, para plantar toneladas de sementes de soja. O mesmo cerrado vai sendo substituído por extensos canaviais que alimentarão as usinas de álcool. Não é outro cerrado que vai dando lugar a áreas crescentes de reflorestamentos de eucalipto.



O leito seco do Córrego São Gonçalo, castigado na região da sua nascente pelas reflorestadoras e pelos pecuaristas. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG



Aqui, no sertão, muitas casas, apartamentos, camionetes, televisores, viagens, joias, foram comprados a partir dos fornos clandestinos que queimaram, além do cerrado, parte das matas que umidificavam e fortaleciam as nascentes de córregos de importância vital para o equilíbrio da fauna e flora. Agora, antes dos terços e das novenas, vamos tentar salvar o que resta e recompor o que é possível. Vamos pedir a Deus um futuro menos desalentador e torcer para que todos os jovens tenham acesso à Educação Ambiental.