Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O Tatu e a Caça

Durante a minha infância e ao longo dos anos já ouvi muitas conversas, combinações, realizadas entre caçadores, no preparo para as excursões noturnas objetivando a captura de tatus. Gaiolas construídas por grossos arames e enxadões eram os utensílios básicos para a empreitada, sem esquecer os pequenos e espertos cães "especializados", para a caça. Os cães cuidavam de localizar a presa que penetrava rapidamente em buracos. As gaiolas, então, eram colocadas na entrada da toca para interceptar a saída dos bichinhos, que eram induzidos pelos golpes do enxadão na terra e latidos, a deixarem o local de sua proteção.




Animais silvestres apreendidos. Ao centro uma gaiola utilizada na caça aos tatus. Imagem web/Polícia Militar-MG




Há poucos anos atrás, ouvi outro relato. Caçadores mais espertos utilizavam-se de um recurso mais eficiente. Munidos de uma pequena lata (destas que armazenam leite em pó) contendo em seu interior uma isca, iguaria apreciada pelo tatu, espalhavam estes apetrechos por vários pontos do cerrado, dos campos de cultivo e margens de matas. Locais habitados pelo mamífero. Seu focinho ficava preso à armadilha e ao amanhecer do dia eram encontrados já quase mortos, prontos para serem preparados e devorados em uma receita qualquer recheada de temperos.




Um filhote de Tatu peba. Imagem: Cláudio J Gontijo/Norte de Minas




Destas formas variadas estas espécies foram sendo dizimadas, aliadas à destruição do cerrado, seu principal habitat. O fato é que atualmente eles sumiram de muitas regiões. Suas tocas características de aproximadamente dois metros de profundidade já não são vistas com tanta frequência.


O Tatu peba

Todas as espécies são originárias das Américas. A espécie mais comum encontrada no sertão do norte de Minas é o Tatu peba (Euphractus sexcintus). Ele possui uma alimentação herbívora e carnívora, ao mesmo tempo. Dizemos então que é um ser onívoro, devorando insetos, raízes, grãos, restos de animais mortos. Diz a lenda que faz excursões aos cemitérios para se alimentar de cadáveres. Apresenta hábitos noturnos e sempre locomove-se solitário. Em reprodução o período de gestação da fêmea dura cerca de dois meses. Os filhotes recebem os cuidados da mãe por poucos dias e vão atingir a maturidade aos nove meses. Eles podem sobreviver por quase duas décadas fora do cativeiro. É necessário salientar o importante papel dos tatus no ecossistema em relação ao controle das populações de insetos e também como dispersores de sementes.



Proibições

A caça aos Tatus é proibida pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e fiscalizada diretamente pelo Polícia Ambiental. A apreensão de exemplares junto a caçadores é passível de penas de reclusão que variam de seis meses a um ano de detenção e multas que podem chegar a  R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) por unidade apreendida. As denuncias podem ser feitas no telefone 0800618080 (linha verde/IBAMA).

2 comentários:

Fatima de Paula disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fatimafazendoartecomarte.blogspot.com disse...

Adorei o seu blog Cláudio. Parabéns!