Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quinta-feira, 26 de junho de 2025

O espelho

 





Já nem é tão tarde. 

E pode ser de idéias que não sumiram.

Não cabe o pessimismo, amargo.

Já é gasta, esfolada, a utopia otimista..

Mas pode-se pensar na realidade esperançosa.

Esta realidade disfarça-se, simula indiferença.

Falsa indiferença. 

Ela que aqui vai, vem, e quer se mostrar nos espelhos,

indiferença de gosto diluído, hipócrita.

Ela mostra, mesmo, uma multidão que foge, esconde-se em imagens felizes.

Mas com o tempo mais e mais pessoas vão retirar das academias,

das fotos sem olhos em óculos escuros,

da gratidão colorida, brilhosa, que se simula nas estradas virtuais, 

vão mesmo retirar o medo desta realidade que mostra a verdade,

esta verdade incômoda, penetrante, dos momentos de silêncio profundo.

O que somos em carne crua, sem retoques

Doerá fundo, 

mas cedo ou tarde viria estacionar-se diante de nós.

Fará bem apalpar o que claramente somos.

Circularão pessoas menos apressadas,

mais sóbrias,

menos falantes,

mais ouvintes.

Menos entorpecidas,

mais vivas.

terça-feira, 11 de março de 2025

Espírito Santo

 Espírito Santo,

Amor do Pai e do Filho,

inspirai-me sempre,

sobre o que devo pensar,

sobre o que devo dizer,

sobre o que devo calar.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Germinar

 


Se geraram um botão de rosa, um ser vivo, 

dentro dos nossos corações,

nas entranhas próprias para os embriões,

em uma espera serena,

são especiais. 

É por isso que são belas de alma e de cores. 

Vivo e observo, com o passar dos dias, o mistério que cerca o perfume exalado em tudo o que é gerado 

com ternura.

Vejo mesmo, antes em imagens distorcidas, agora com mais nitidez. 

Nada há o que seja maior que a delicadeza do que germina em amor. 

Ah se eu tivesse compreendido! Passaram-se 50 anos, não uma vida inteira. 

Hoje, então, vejo estas coisas em imagens mais límpidas. Refletidas em meus pensamentos. 

Pensamentos, desejo de cumprimentá-las, 

de oferecer um canto,

uma rosa, 

um aplauso.

Mas o germinar é tão grandioso. 

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Álbum




Imagens,

pardas imagens, 

felizes paragens. 

E estes, 

que nem veremos, 

que nunca tivemos;

hoje nos acalentam, 

teimosos que somos. 

Ainda que por uma ponta do tempo, 

uma migalha nas horas,

ninguém nos fará entrar de novo por estes trilhos,

por aqueles suspiros e risos. 

É quase certo que os queríamos eternos,

ternos,

por dias e dias, 

fraternos.

 Mas agora muitos nem se importam.

Os rostos pareciam mais limpos, e, hoje, 

nem os querem mais. 

Nunca os viram, nunca naquele tempo sorriram.

Dançávamos nestes acordes que até podemos reproduzir,  

mas ninguém se lembra deles.

Eletrônicos recursos,

mostram agora com mais nitidez;

o simples e o simplório.

E hoje, polidamente, dispensamos,

quando machuca o que pensamos.

Mas esta distância é o que gostaríamos de encurtar,

foi feita mesmo no papel de brilho fosco, 

em fotografias pardas,

espalhadas pelo forro de pano tosco,

comuns, misturadas no armário.

E, hoje, como não podemos explicar,

só precisamos vivê-las de novo.




Ao Xará.



quarta-feira, 20 de março de 2024

A assustadora tarântula

 Embora o título possa sugerir estas espécies de aracnídeos (aranhas) não apresentam grandes riscos de acidentes após sua picada. Elas não são capazes de produzir peçonha com capacidade tóxica. No máximo a sua picada pode produzir dor no local, 

Vivem em habitat variado, geralmente de clima tropical, nas Americas, Europa, Oriente Médio, Ásia. Conseguem sobreviver por cerca de 7 a 8 anos. Muitas pessoas as criam como uma espécie de animal de estimação, nesse caso, em cativeiro, podem viver pouco mais de duas décadas. 

A sua forma de defesa contra os predadores são seus pêlos urticantes que cobrem todo o corpo. Estes pelos são espalhados a paritr de suas patas ,do abdomem, causando irritações. Quando manuaseadas podem causar estas irritações nas nossas vias respiratorias e na pele.





                Os pelos urticantes são visíveis em todo o corpo da aranha. Imagem: Cláudio Gontijo



A tarãntula ou caranquejeira  movimenta-se pouco, permancendo em tocas com cerca de 80 cm de profundidade. De lá saem para capturar presas que são devoradas de acordo com o tamanho destes aracnídeos. Espécies maiores (podem atingir 25/30 cm de envergadura) são capazes de capturar pequenos pássaros, anfíbios, lagartos. São também canibais. 



Imagem: web



Atingem a maturidade sexual em 4 a 5 anos de vida em média. Os machos modificam seus pedipalpos (primeiro par de apêndices - patas - localizados próximos à região cefálica) e realizam a cópula injetando os espermatozóides. Neste ato reprodutivo o macho prende a fêmea com garras (unhas) presentes nas suas patas (imagem web). A fêmea armazena os espermatozóides em órgãos especiais até produzir os ovos (150 unidades aproximadamente) e os depositam em um saco de seda. Em 45 dias estes ovos eclodem e os filhotes, já totalmente formados, dispersam, não recebendo qualquer cuidado da fêmea.





Uma tarântula movimentando-se na grama molhada, provavelmente um macho que deixou a toca pela umidade do tempo chuvoso. Imagem: Cláudio Gontijo



Os machos morrem logo após a cópula. Muitas vezes são devorados pela própria fêmea em seus hábitos canibais. Por este fator estes machos procuram, após o ato sexual, distanciarem-se rápidamente. No entanto irão morrer alguns meses depois.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Para adormecer

 






Quando o sono vem lá, 

distante,

relutante,

coloco-me junto aos outros,

tantos outros, em pedidos de oração.

Vou visualizando um e todos.

Desaparece a prece,

adormeço.

Acordo, continuo,

adormeço.

Nas diversas e múltiplas vezes em que de mim esqueço,

devo mesmo acalentar aqueles que, há tempos,

esqueceram-se de si mesmos.

E, assim, vou embalando.

E permaneço.

Nada me é absoluto,

é mistério, é vago.

Como o sono que vem e vai,

vai e vem.

Como um balanço,

bem suspenço,

livre,

sem tropeço.

domingo, 17 de dezembro de 2023

Esperança







Haverá um instante em nossos 

pesares,

em que os joelhos já estarão 

dormentes,

marcados,

por súplicas em variadas horas.

Então haveremos de encontrar 

mãos sacramentadas,

misericordiosas,

piedosas.

Caminharemos amparados pela 

própria vida.

 E, trôpegos, ávidos,

saberemos que a cruz, 

na aridez do tempo,

era mesmo esperança.





.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Misericórdia, não sacrifício





O Jesus das curas é o Senhor que ama como primícia. 

Mas é o Cristo que afasta o formalismo capaz de desfigurar o amor misericordioso.

É através da misericórdia que realizamos verdadeiras orações, que efetuamos os deveres primordiais e essenciais.

O amor de Cristo é a própria misericórdia na sua plenitude. 

A falta de piedade empobrece os ritos, destrói a fraternidade. Toda a prática impessoal é farisaísmo e incorre na segregação, na indiferença. 

Não há crescimento sem empatia, não há elevação sem tolerância, não há comunhão sem ausência de preconceito.

"Misericórdia quero, e não sacrifícios. Pois não vim resgatar justos e sim pecadores". Mateus 9:13

"Deus é tudo em todos". São Paulo