Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quinta-feira, 26 de junho de 2025

O espelho

 





Já nem é tão tarde. 

Ainda há tempo para as idéias que não sumiram.

Mas agora, não cabe o pessimismo, 

amargo.

Também já está gasto, esfolado, a utopia otimista.

O que fica é um realismo incômodo.

Ele se disfarça, simula indiferença.

Mas a indiferença é falsa.

E o que esteve estampado, agora vem, 

e constrange.

Falam mal dele.

Indiferença de gosto diluído, hipócrita.

Mostra, mesmo, uma multidão que foge, 

esconde-se atrás de imagens felizes.

Vem o tempo.

E com o tempo, mais e mais pessoas saem dos espelhos,

em verdades cruas, doídas, 

das fotos sem olhos, com óculos escuros,

da gratidão colorida, moída,  

gratidão em telas virtuais. 

Com o tempo vão tirar o medo do que há atrás dos retoques.

Imagem incômoda, penetrante, vive nos momentos de silêncio profundo.

Já não pode ser evitada.

É o que somos em carne viva.

É dor da qual se desviam, 

mas que estaciona-se diante de nós.

Então, fará bem apalpar o que claramente somos.

Circularão pessoas menos apressadas,

mais sóbrias,

menos falantes,

mais ouvintes.

Menos entorpecidas,

mais nítidas.

terça-feira, 11 de março de 2025

Espírito Santo

 Espírito Santo,

Amor do Pai e do Filho,

inspirai-me sempre,

sobre o que devo pensar,

sobre o que devo dizer,

sobre o que devo calar.