Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Um artrópode predador: o escorpião

Em períodos chuvosos alguns seres vivos costumam se deslocar com frequência de um local para outro à procura de maior proteção e de alimento. Entre eles estão os escorpiões.

Os escorpiões são predadores de hábitos noturnos. Alimentam se de baratas, grilos, moscas, larvas, aranhas. Vivem naturalmente debaixo das pedras, dos troncos de madeira e folhas em decomposição. Muitas vezes encontram o seu alimento nos entulhos que deixamos. Eles também são canibais, podendo devorar os da sua própria espécie.

Sua visão é pequena, porém ele é capaz de perceber as vibrações e o calor das suas presas através de minúsculas estruturas (estigmas) localizadas no seu corpo, dos seus pedipalpos (palpos) e patas. Por isto são extremamente perigosos.






Estes seres são aracnídeos. Estão no mesmo grupo das aranhas comuns. Seus ancestrais vivem no planeta há mais de 400 milhões de anos, daí a sua grande capacidade de adaptação a diversos ecossistemas. Possuem um exoesqueleto (carapaça externa) resistente. Esta camada protetora dificulta o seu extermínio.

Das mais de 130 espécies de escorpiões conhecidas no Brasil,  três espécies  estão entre as mais comuns nos acidentes em função de sua picada e veneno.

São elas:

Tityus serrulatus - o escorpião amarelo, comum principalmente no sul e sudeste, campeão em acidentes urbanos.

Tityus serrulatus 


Tityus bahiensis - muito comum em acidentes rurais, encontrado com mais frequência nas regiões centrais e no nordeste.


Tityus bahiensis


Tityus stigmurus - conhecido como escorpião do nordeste.


Tityus stigmurus



A espécie Tityus serrulatus se reproduz por partenogênese. A partenogênese é uma forma de reprodução assexuada, sem necessidade de um casal. A fêmea produz inúmeros ovos que darão origem às formas adultas. A sua multiplicação ocorre com facilidade. Uma fêmea pode gerar aproximadamente entre 30 e 40 filhotes a cada ano. Estes permanecem no dorso da mãe por cerca de uma a duas semanas até se espalharem.

O veneno, peçonha, destas espécies age no sistema nervoso, ou seja, é neurotóxico. Afeta o sistema respiratório podendo causar a morte por parada cardio respiratória. Pode ser fatal em crianças, idosos, pessoas debilitadas. A picada costuma ser muito dolorosa. A dor se espalha pelo corpo tornando-o sensível a qualquer toque. 

Os predadores naturais dos escorpiões são aves (gaviões, corujas), anfíbios, cobras e alguns mamíferos como o gambá, o macaco. Muitos destes animais enfrentam dificuldades de sobrevivência em função da destruição dos seus habitats (cerrado, matas ciliares, cursos d'água). Sem os seus predadores estes aracnídeos se multiplicam e migram para vários locais.

É possível evitar muitos dos acidentes com os escorpiões. 1- Manter o ambiente doméstico limpo e livre de entulhos. 2- Vedar bem a entrada das fossas. 3- Verificar sempre o vestuário, as roupas de cama e os sapatos antes de utilizá-los.