Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

sábado, 15 de outubro de 2016

Cruz











Aqueles que riscam a terra, arrastam a sua cruz.
Buscam ser livres,
da doença,
da mágoa,
da assombrosa maldade,
dos desafetos de gosto amargo e rançoso,
das fragilidades que separaram por orgulho.
Grotesco poste em ombros dormentes e prontos para a agonia,
onde agora não se tem qualquer alento,
onde a qualquer momento,
virá a dor que dilacera.
Ainda assim, antes da tortura,
repudiam a dúvida,
a mentira,
a miséria,
porque desejam, em meio ao sangue e água,
a liberdade que redime.
Antes de todo o sofrimento,
livraram-se de imagens que os cortaria em ilusão,
que levaria à escravidão.
Ninguém carregará por eles a madeira tosca e seca,
ninguém limpará suas feridas,
ninguém sentirá a mesma agonia,
ninguém delimitará o caminho traçado pelo rastro sinuoso,
ninguém gemerá por eles.
Só esta jornada é que os elevará,
e conduzirá à leveza,
mostrando o que nunca seria revelado,
transformando o que foi abençoado.





2 comentários:

Jane Moreira disse...

Aceitei o convite e aqui estou, já impressionada com a profundidade deste seu poema. Obrigada por me visitar, deixando assim, a oportunidade de conhecer sua poesia. Um abraço.

Jane

ventolilas.blogspot.com.br

Cláudio José Gontijo disse...

Obrigado Jane. Deus abençoe.