Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

terça-feira, 26 de maio de 2015

Comunhão







Diversos e múltiplos é que somos,
e é nas cores, amores e louvores,
que procuramos,
um acordo,
uma trégua,
um olhar de piedade,
uma mão, ainda que trêmula,
mas pulsante,
enquanto vivemos.
Pactos que nos tornem mais próximos, que faça aparar todas as arestas e pontas,
que rasgam a pele.
Somos aquarelas variadas de almas que brincam e dançam, que gritam e reclamam,
colhendo gotas de lágrimas, orvalho e suor.
Depressa, corremos nesta lida quase instantânea,
e nem percebemos que o tempo nos une.
Ao longo dos dias, das horas, das dores,
caminhamos, de fato, em uma só jornada.
Somos, em verdade, membros de um só corpo,
uma só Fé, uma só Súplica,
em Comunhão.
Em desespero, em choro,
em horas incertas, em noites insones,
em alegria incontida,
em euforia descabida,
em alvoradas descortinadas,
em tempestades súbitas,
em vidas que vão e vêm,
em portas abertas,
pelo tempo,
pela criação,
pela dúvida,
pela esperança,
pela graça,
pela luz,
pela tormenta,
pelas flores,
pelos cânticos,
pelas ladainhas,
pelos terços,
pelo abraço,
pela vida,
eternamente,
somos, seremos,
e faremos,
uma só Oração.



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