Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

terça-feira, 26 de maio de 2015

Comunhão







Diversos e múltiplos é que somos,
e é nas cores, amores e louvores,
que procuramos,
um acordo,
uma trégua,
um olhar de piedade,
uma mão, ainda que trêmula,
mas pulsante,
enquanto vivemos.
Pactos que nos tornem mais próximos, que faça aparar todas as arestas e pontas,
que rasgam a pele.
Somos aquarelas variadas de almas que brincam e dançam, que gritam e reclamam,
colhendo gotas de lágrimas, orvalho e suor.
Depressa, corremos nesta lida quase instantânea,
e nem percebemos que o tempo nos une.
Ao longo dos dias, das horas, das dores,
caminhamos, de fato, em uma só jornada.
Somos, em verdade, membros de um só corpo,
uma só Fé, uma só Súplica,
em Comunhão.
Em desespero, em choro,
em horas incertas, em noites insones,
em alegria incontida,
em euforia descabida,
em alvoradas descortinadas,
em tempestades súbitas,
em vidas que vão e vêm,
em portas abertas,
pelo tempo,
pela criação,
pela dúvida,
pela esperança,
pela graça,
pela luz,
pela tormenta,
pelas flores,
pelos cânticos,
pelas ladainhas,
pelos terços,
pelo abraço,
pela vida,
eternamente,
somos, seremos,
e faremos,
uma só Oração.



domingo, 3 de maio de 2015

Podas e silêncio




Uns mais outros menos. Todos nós prestamos atenção em algum tipo de vegetal; nas flores e frutos (principalmente os comestíveis). Quando buscamos algum tipo de informação, está escrito que há a necessidade de adubar e podar corretamente as plantas.

Assim como os vegetais, nós também necessitamos destes cuidados especiais. Ao fertilizarmos a nossa existência e apararmos os excessos, crescemos para uma vida de altruísmo, beneficiamos mais pessoas. O egoísmo é um fungo que impede o olhar de amplitude, abafa a sensibilidade para com aqueles que necessitam de acolhimento. Ele se espalha rapidamente e cresce na medida em que não contemos nossos impulsos individualistas. Se não cortamos e lançamos fora a falta de solidariedade, a tendência egocêntrica, vamos nos encolhendo, atrofiando nossos impulsos para a amizade. Vamos nos tornando mais pobres para a partilha, para uma vida de comunhão.

Sem a poda necessária ao caminho da simplicidade, perdemos a seiva, perdemos a alma e somos facilmente lançados a algum tipo de fogueira. A fogueira das vaidades; frágeis.

O silêncio e a oração, reabilitam. São nutrientes para as raízes. Reacendem as chamas da paz. Acalentam flores do coração, frutificam a esperança. Mesmo que nem sempre tenhamos a possibilidade do silêncio ou não estejamos dispostos a fazê-lo, precisamos nos esforçar para nos colocarmos longe do barulho que nos confunde. Assim serão realizadas as podas, e as nossas preces serão cada vez mais férteis.













"Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto se não permanecerem na videira. Vocês também não podem dar fruto se não permanecerem em mim".  João 15:4