Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O vazio e a espera

Quando todos se vão em suas necessidades,
tudo parece ficar em silencio, sem fim.
Não se pode tocar uma única mão,
ainda que trêmula.
Um único olhar,
um aceno,
um cumprimento.
É quando percebemos que caminhamos sós.
E,então, chamamos por alguém que queira escutar,
aquele que poderia aproximar-se em discreta caridade,
de olhar tolerante.
De gestos como a chuva que cai mansa,
como o canto distante ao cair da tarde.
- Qualquer um que vá pela calçada,
   por favor, um instante só...
São conversas imaginárias com os que parecem estar ausentes,
abraços de um tempo distante,
vitalidade que julgamos não ter mais.







Escurece,
estamos muito longe de um sono comum.
Ainda mais dolorosa é a escuridão,
que vai nos esvaziando,
do pouco que já não temos,
e do pouco que tememos almejar.
Só nos resta a nós mesmos,
mãos em súplica.
Diante da cruz,
vamos colocando nossos temores,
alimentando-nos diante da esperança.
Haverá ainda alguns dias,
muitos dias,
em algum tempo,
com algum alento.
E vamos conversar em acenos largos,
de janelas abertas.








Texto e imagem: Cláudio J Gontijo



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