Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

sábado, 27 de dezembro de 2014

Lapso








Que a luz do dia,
amorteça os temores,
alivie as nossas dores,
favoreça os bons sabores,
desfaça os rancores,
alimente novos amores.
Porque a noite é apenas um sopro,
e o amanhecer vem como um alento.
O pesar é só um lapso,
para que o riso venha como um afago,
a esperança como eterna cor.








Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG

domingo, 7 de dezembro de 2014

Histórias do Sertão 5: Dona Losina.






Junto ao amigo, voluntário experiente, abrimos o portão daquela casa simples. Havia uma certa dificuldade para abri-lo, mas ele nunca foi concertado. Continuou emperrando e está lá, assim, até hoje. 

Pela primeira vez eu avistei aquele senhora idosa, negra, com um lenço sempre atado à cabeça e saia longa, rodada. Seus gestos eram mansos e seu rosto, de traços fortes, parecia estampar sempre um sorriso decidido, mesmo quando não sorria de fato. Sua voz trêmula e irregular  alcançava nossos ouvidos como tinha de alcançar. Muitas vezes eu a julgava distante ou com momentos de pouca lucidez; mas eu estava enganado. A cada semana em que retornávamos ela perguntava por um e outro; e tinha os nomes, os fatos e a nossa surpresa. 

Meu amigo seguiu outro caminho, a trabalho, sem ter como retornar. Eu fiquei para continuar a abrir o pequeno portão, todas as quintas feiras. Quase sempre naquele mesmo horário, da mesma forma, os seus 91 anos vinham me receber. Era surpreendente vê-la equilibrar-se, de pé, durante quase toda a pequena cerimônia. Ainda que eu insistisse, ela permanecia assim, sem se acomodar. Em alguns dias, pelo cansaço, por algumas dores, eu a via escorar-se no braço da poltrona.

Com o tempo acostumei-me a contar com a sua recepção. Passei do respeito à admiração. E eu dizia a ela que sempre estaria ali. Dizia não saber quem era o beneficiado. Após a comunhão eu me sentava para uma breve conversa, pois tinha receio ou dúvida de estar importunando-a, mais do que meu amigo viajante. Lá eu tomei o melhor café, comi biscoitos, desfrutei a melhor acolhida; fui afagado e encorajado.

Os meses passaram rápido. Eu soube que o seu coração já não batia como antes. Mas somos desatentos, pensamos ter todo o tempo que queremos. Entendi o aviso médico e mesmo assim continuei abreviando os minutos das visitas, sabendo do retorno semanal. E, hoje, sinto por não ter desfrutado mais daqueles minutos. Porque às vésperas de uma viagem, antecipei o dia da visita e aquela terça feira foi o nosso último encontro. 

O dia amanheceu na manhã de novembro, tocou a música triste, saindo do alto falante da torre. De volta à pequena cidade, eu saltei da cama e tive um pressentimento estranho. E foi exatamente o nome da minha querida amiga que ouvi sair do serviço de som. E lá fui eu visitá-la. Mas ela era apenas um corpo inerte. Já não pode me oferecer as suas orações, não pode justificar a sua partida inesperada e nem me tranquilizar em meus pesares.

Ainda não tinha voltado àquele local. Mas fui até a casa ao lado, de sua filha. Recebi um cartão aonde se lê, junto à sua foto: "Se você pudesse ver e sentir o que eu sinto e vejo nestes horizontes sem fim, nesta luz que tudo alcança e penetra, você jamais choraria por mim. Eu estou em paz". Eu sei que sim, imaginei desta forma. Mas sinto a sua falta. Talvez não tenha mais a chance de lubrificar o portão.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Corromper






Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG










A corrupção destrói o caráter e a transparência. Os que se deixam corromper, desfrutam o que nunca lhes pertenceu e vivem o desconforto do vazio. Os que corrompem deixam uma nódoa em sua alma.

Quando abrimos mão da verdade adiamos o inadiável; a própria verdade. Corromper não significa destruir a esperança. No final é exatamente a esperança que permanece viva e a vida, intacta, continua a sua trajetória. Estes que pensam ter ludibriado o tempo, enganam-se, pois mesmo com a escuridão as horas seguem sendo irretocavelmente as mesmas.

É inútil a tentativa de alterar, de forma secreta e falsa, as aspirações legítimas daqueles que nos rodeiam. Ao chegar a noite após o crepúsculo, espera-se por um novo dia. E isto nunca nos será tirado, é realidade imutável.
















Texto: Cláudio Gontijo 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Grato






Já não basta agradecer.
Enquanto envelheço vou lembrar.
Dos irmãos que nunca me serão subtraídos,
da mãe que desejamos guardar longe do tempo e da morte.
Lembro do que ganhei, do que sonhei, do que não fiz, do que nunca serei,do que tenho feito, do que ainda terminarei.
Esqueço o que adiei.
Lembro e rezo, rezo e adormeço.
Acordo e lembro.
Lembro e vivo.
Lembro de quase tudo sem ter que descrever em sofreguidão.
Dos córregos, do cheiro de esterco e das roseiras,
da escuridão silenciosa e ampla na varanda da minha infância,
de onde se tinha poucas imagens e escassos recursos.
Lembro de que nem tinha pressa,
nem conhecimento da urgência no grande relógio ao fim do corredor.
Lembro do que me foi ofertado,
lembro que, então, sorri e segui.
Mas ainda assim dou graças por Ana e Cláudia,
dou graças pelo que ainda posso enxergar.
Dou graças por ter como servir,
dou graças por ter partilhado com os humildes.
Dou graças por ter sobrevivido à caridade dos que se fecham a qualquer aceno.
Dou graças porque pude ver muitos pássaros, flores e rios.
Dou graças pelos que me são necessários e pelos que se acham insubstituíveis.
Dou graças pela fé, pela esperança, pela Graça que ainda teremos.







À Dona Lausina, chamada por Deus, hoje, quando completo 51 anos; de quem nunca esquecerei.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Mimetismo e camuflagem: insetos, pássaros, répteis

Dentro da luta pela sobrevivência que ocorre todos os dias, na verdade a cada segundo, no interior dos ecossistemas, a seleção natural determina o que é fundamental; os mais aptos e melhor adaptados irão perpetuar a sua espécie. A camuflagem e o mimetismo fazem parte de comportamentos adaptativos das populações na luta pela vida. 

1- Camuflagem

A camuflagem é uma característica que o ser vivo adquire, permitindo a ele misturar-se ao ambiente em que vive sem ser notado com facilidade. Desta forma ele pode fugir de predadores ou, como predador, capturar a sua presa. Vários tipos de insetos como mariposas, gafanhotos, formigas, apresentam cores muito semelhantes a troncos de árvores, folhas ou ao território onde vivem, nos quais não poderão ser vistos com facilidade. Alguns tipos de aracnídeos e crustáceos também estão neste grupo.



Uma borboleta confunde-se com o tronco de uma árvore. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG



Durante um longo período evolutivo em uma mesma espécie, por exemplo, aqueles seres vivos que apresentaram cores ou formas que facilitassem alguma forma de camuflagem, eram presas menos identificadas, sobreviviam e repassavam esta característica aos seus descendentes. Formaram-se assim grupos mais aptos às condições daquele ecossistema. Os outros indivíduos menos favorecidos, dentro da variabilidade de cores e formas, eram eliminados.



Muitas espécies de aves também podem camuflar-se junto ao solo. Imagem: Claudio Gontijo/Lassance-MG



Outras espécies como camaleões e peixes apresentam substâncias secretadas por glândulas epidérmicas denominadas cromatóforos. Estes pigmentos fornecem a capacidade de alteração na coloração da pele conforme a necessidade, e uma melhor camuflagem.


2- Mimetismo


Alguns tipos de ofídios não peçonhentos adquirem cores que os assemelham a outras serpentes capazes de inocular o seu veneno. A cobra-coral adquire uma certa coloração (distribuição de anéis) que as tornam muito parecidas com as cobras corais ( ditas verdadeiras) venenosas e muito temidas. Desta forma elas adquirem um determinado tipo de defesa em relação a muitos predadores que chegam a evitá-las. O comportamento deste réptil é o mimetismo.

Espécies afins com grande semelhança; mimetismo. A coral da esquerda não é peçonhenta, ao contrário da figura à direita. Imagem web



No mimetismo um indivíduo possui cores ou formatos que o assemelha a outro ser vivo de espécie afim, apresentando a capacidade de assemelhar-se a outro, confundindo-se com o mesmo. Existem anfíbios (rãs), insetos (abelhas,borboletas), aves e outros tipos de animais que também apresentam este tipo de postura.



O mimetismo entre duas borboletas de espécies diferentes. Imagem: mongabay.com





terça-feira, 4 de novembro de 2014

Histórias do sertão 4: Juca Vaqueiro





Flores do Ingazeiro






Juca Vaqueiro nunca conseguiu nada além de assinar o próprio nome, ele apenas se  satisfazia quando era capaz de copiá-lo sem deixar letra nenhuma que fosse, esquecida, para trás. Assim como campeou cada uma das cabeças do gado ao longo de sua vida, buscou descobrir palavra por palavra. Mas houve dias em que o orvalho das manhãs frias e a boiada solta, não permitiram que ele pudesse esquentar o assento do banco na pequena escola. 


Atento e firme na palavra empenhada, sem fugir de qualquer tipo de empreitada, no cabo da enxada ou na cela de uma mula, como era do seu gosto, ele foi tocando a vida. Desconfiava de tudo muito claro e facilitado, evitava atalhos muito curtos, e Estranhos que falassem em demasia. Temia as ilusões venenosas, embora não recusasse o aperitivo.


Nunca espancou por demais, nem mentiu ou prometeu aos doze filhos algo que seu braço curto não pudesse alcançar. Assim, desse jeito simples e simplório, conseguiu colocar na lida todos eles; alguns partiram para as estradas de asfalto e outros, teimosos, ficaram pelo chão batido. Mas ele se dava por realizado e sentia imensa satisfação pelo fato de todos eles, todos mesmo, poderem escrever e ler sem maiores vexames.


Aqueles que não o conheciam duvidavam de suas proezas, aqueles, da porta da sala, o respeitavam. E haviam os que o odiavam. E todos esses viram, quando puderam ver, que o tempo passou, e o Juca foi se fragilizando pelas asperezas do sertão, da velhice, das estiagens duras. Poucos desvios e boas escolhas fizeram dele um exemplo a ser retido, uma amizade rara. 


Ele viveu muitos anos e dizia que o prêmio veio de Deus.  Até que foi encontrado caído junto a um Ingazeiro, quase na margem do rio. Adiante do corpo o copo esmaltado, onde carregava o café quente; hábito antigo. Um dos amigos da cidade, vereador em muitos mandatos, pediu que o deixassem presenteá-lo com a sua última morada. Na lápide escreveu o que Juca repetia sempre:  

"Prá quem não conhece a estrada que deve de seguir, qualquer caminho serve, qualquer trilho é caminho".




sábado, 25 de outubro de 2014

A coragem tem cor











Não é o objetivo deste pequeno espaço tratar de temas relacionados ao terreno baldio da política nacional. Nunca pude assimilar a lógica perversa que vai cerceando toda a boa vontade e semeando a discórdia em todas as esquinas partidárias. Já não há vencedores e vencidos neste universo das vaidades, eles apenas transitam entre os lucros financeiros e os prejuízos a serem repostos em novo pleito. Mas a indignação é como a Fé, em alguma volta de nossa jornada iremos experimentá-la ou vamos deixar para trás a energia que nós mantem acordados.



Os últimos anos trouxeram a minha doce Ana. Agora tenho medo de confundi-la neste país de podridão e impunidade. Resolvi torcer por dias melhores. Dias mais oxigenados, mais livres das bombas que vem minando a corrida dos simplórios, dos miseráveis que vivem à margem de qualquer sentimento esperançoso. Vou lendo todos os artigos, todas as páginas dos noticiários cibernéticos que se estampam diante de mim na mudança das telas. Talvez inconscientemente, vou idealizando um futuro onde é possível contemplar partidos políticos menos revolucionários e mais responsáveis. Menos populistas e mais solidários. Menos corporativistas e mais acessíveis. 



Não pretendo deixar sem cor o meu voto. Ainda que eu tenha muita desconfiança diante da volatilidade dos ideais parlamentares. Mesmo quando não souber os nomes ou os números, ou as siglas, ou os salários. Penso novamente na minha filha, penso que preciso agir rápido, usar a verdade como remédio para a amargura apartidária. Quero deixar para ela um exemplo mais nítido, mais alegre; de coragem. De crença em um país que superou todas as tempestades, e calmarias. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Além da estiagem e das novenas

Verifiquei com perplexidade a possibilidade remota de que as águas venham atenuar as máximas temperaturas de 31 a 40 graus. Uma grande área pessimista se estende principalmente pelos Estados do Centro-oeste, Nordeste e Sudeste. Nela uma massa de ar quente impede o avanço das frentes frias e, consequentemente, das chuvas.

Muitos dizem ser um castigo do Criador. Afirmam que os indícios do fim dos tempos já se espalham diante do desespero da população. Outros acreditam na misericórdia de Deus e esperam pelas bençãos dos céus. E pouco se fala do aquecimento global, oriundo do descompromisso dos países ricos com a emissão crescente de gases danosos na atmosfera. A memória se distancia do fato de que a imensa estufa criada em torno da terra pelos gases industriais, está se consolidando ao longo das décadas. Esquece-se também do aumento progressivo das falhas na camada de ozônio, com a impiedosa e crescente passagem da radiação solar em valores anormais.




O Rio das Velhas está raso, assoreado, e agonizante. Imagem; Cláudio Gontijo/Lassance-MG



Em um dia com clima semi-árido poucos se lembram dos agricultores, os grandes do agronegócio, que vão eliminando a vegetação nativa, o cerrado, para plantar toneladas de sementes de soja. O mesmo cerrado vai sendo substituído por extensos canaviais que alimentarão as usinas de álcool. Não é outro cerrado que vai dando lugar a áreas crescentes de reflorestamentos de eucalipto.



O leito seco do Córrego São Gonçalo, castigado na região da sua nascente pelas reflorestadoras e pelos pecuaristas. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG



Aqui, no sertão, muitas casas, apartamentos, camionetes, televisores, viagens, joias, foram comprados a partir dos fornos clandestinos que queimaram, além do cerrado, parte das matas que umidificavam e fortaleciam as nascentes de córregos de importância vital para o equilíbrio da fauna e flora. Agora, antes dos terços e das novenas, vamos tentar salvar o que resta e recompor o que é possível. Vamos pedir a Deus um futuro menos desalentador e torcer para que todos os jovens tenham acesso à Educação Ambiental.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mico Estrela

Antes mesmo de avistarmos estes mamíferos, primatas ou macacos de pequeno porte, já podemos ouvir o som parecido com um longo e fino assobio. O Sagui, Mico Estrela ou, simplesmente, mico (Callithrix penicillata), habita as matas menos densas, matas ciliares, o cerrado e vem avançando para a vegetação das cidades. É possível encontrá-lo, por exemplo, em algumas árvores altas (pequeno bosque) de uma propriedade semi-abandonada no populoso e movimentado Bairro Caiçara, em Belo Horizonte. 

Estes animais vivem em grupos com média de sete a dez indivíduos. As fêmeas exercem um papel marcante na condução dos membros. Possuem prioridade na alimentação e algumas ficam mais aptas à reprodução, enquanto outras não irão adquirir esta função. Um casal disputará a liderança do grupo. Dentro desta complexa sociedade familiar, ao que parece, a fidelidade é grande. O macho costuma permanecer na companhia da fêmea escolhida até a sua morte. Quando um dos componentes da família está acuado ou doente, todos os outros permanecem alertas.




O sagui prepara-se para ir ao chão, geralmente para capturar insetos ou beber água. Imagem; Cláudio Gontijo/Margem do Rio das Velhas/Lassance-MG




A gestação ocorre em cinco meses e os dois filhotes nascidos mamam até os seis meses de idade. Após mais 18 meses eles podem atingir a maturidade sexual. Os machos costumam carregar os filhotes até que eles adquiram mais destreza. É deles também a função de alimentá-los.




O macho recebe o carinho da fêmea e transporta um dos filhotes. Imagem; web




A alimentação do sagui é muito variada, sendo ele um animal onívoro. Brotos vegetais, frutas, folhas tenras, répteis, pequenos mamíferos, ovos, filhotes de pássaros, formam o seu conjunto alimentar. A destruição do habitat desta espécie tem ocasionado o seu avanço para locais próximos às casas, quando eles arriscam-se em busca de alimento. Contudo devemos ter cautela ao alimentá-los; as substâncias químicas conservantes dos alimentos industrializados poderão causar a sua morte.





O Mico Estrela possui grande agilidade e facilidade de locomoção. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG





Estas espécies vivem na América do Sul e Central, preferencialmente em regiões de clima tropical. O seu tempo médio de vida é de 10 anos. Estes primatas são animais tipicamente silvestres, embora possam ser criados em cativeiro com a autorização do IBAMA. Não é aconselhável domesticá-los; suas reações são imprevisíveis e eles poderão tornar-se ferozes de forma instantânea, atacando até mesmo seus possíveis "donos".


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Esperança







Haverá um instante, lá, bem nas profundezas dos nossos pesares,
em que os joelhos já estarão dormentes,
por súplicas em variadas e desesperadas horas.
Então haveremos de encontrar as mãos, sagradas e sacramentadas, de Deus.
Caminharemos amparados pela vida e pela fé.
Seremos testemunhos, em verdade,
de que a cruz e a luz clarearam diversos momentos de nossas súplicas.
Testemunharemos uma vida de fervor,
em gestos múltiplos de constância e esperança.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Primavera

Dia após dia vamos caminhando através do tempo que já foi nublado.
Hoje o sol já entra em frestas da boa vontade,
e temos o consolo da simplicidade.
Sem desejar aquilo que temos quase conosco,
e não notamos porque nossos passos foram muito largos.






Dia após dia e olhamos dentro da nossa vaidade que já retocamos com frequência,
e agora ficamos aliviados porque, as vezes, a temos visto em gavetas trancadas.
Ficamos sorridentes, em sorriso de verdade,
porque já não temos a necessidade de ver espetáculos contínuos desta vida,
que nunca desejou o palco e os aplausos e, sim, nosso olhar de misericórdia.
Dia após dia, após despertarmos em manhãs que já não nos trazem só as horas,
vamos rezando com mais frequência, pedindo com mais timidez,
querendo só o que nos basta, perdoando sem pudor, amando mais nossas crianças.
Já podemos esperar pela primavera com uma serenidade que nós desperta para as flores que virão,
e não para viagens que talvez nem façamos, com a pompa que um dia planejamos.











Dia após dia, após muitos acenos e conversas, muitos abraços cheios de gratidão e saudade,
já sabemos que podemos nos emocionar repetidas vezes,
que já somos capazes de sermos solidários com aqueles que mal conhecemos.
Porque ainda ontem choramos por aquela ansiedade cruel e inoportuna,
por aquele egoismo que não nos deixava olhar através da janela.
Hoje já temos mais paz e agradecemos com emoção de raízes profundas,
afinal, já somos mais desenvoltos e sabemos o que nos toca com a suavidade da luz tênue,
porque já estamos ouvindo mais , já somos mais felizes.







Imagens: Cláudia Gontijo/Claudio J. Gontijo      Texto: Cláudio J Gontijo

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Histórias do sertão 3:Maria

Com a despensa vazia,
Maria desceu a ladeira; correndo, gritando.
Tinha as sandálias empoeiradas e as unhas tortas.
A fé compunha os olhos úmidos .
Erguia as mãos e agradecia.
O Padre a ouviu e ela foi com Deus.
Desencorajada, ignorada, simplória.
Não pôde encontrar quem a olhasse de frente.
E como não conhecia as letras na folha branca,
teve a notícia, não se sabe como.









 Maria era só louvor.
Agora não tinha fome, só gratidão.
Esqueceu os gemidos daquela única companheira,
as suas tristezas no câncer, em um leito do quarto público.
Ela a tinha de volta, e curada; em milagre, corpo e alma.
Carregava nos pensamentos a imagem turva de todos os santos,
e os joelhos dormentes.
Maria das promessas,
Maria das novenas,
Maria das dores,
Maria das súplicas,
Maria de ninguém,
Maria sem registro,
Maria de nada.
Maria de Deus.







Esta que conheci, morava em uma rua da minha infância. Ao contrário do texto, Maria não agradeceu por sua companheira, ela própria morreu de câncer. Vivia em um certo abandono, tinha muita fé, falava muito alto e portava uma alegria impregnada na alma. Dedico este texto a esta que conheci. Nunca mais a verei, mas não vou esquecê-la.
O nome é fictício.

Imagem e texto: Cláudio J Gontijo

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O vazio e a espera

Quando todos se vão em suas necessidades,
tudo parece ficar em silencio, sem fim.
Não se pode tocar uma única mão,
ainda que trêmula.
Um único olhar,
um aceno,
um cumprimento.
É quando percebemos que caminhamos sós.
E,então, chamamos por alguém que queira escutar,
aquele que poderia aproximar-se em discreta caridade,
de olhar tolerante.
De gestos como a chuva que cai mansa,
como o canto distante ao cair da tarde.
- Qualquer um que vá pela calçada,
   por favor, um instante só...
São conversas imaginárias com os que parecem estar ausentes,
abraços de um tempo distante,
vitalidade que julgamos não ter mais.







Escurece,
estamos muito longe de um sono comum.
Ainda mais dolorosa é a escuridão,
que vai nos esvaziando,
do pouco que já não temos,
e do pouco que tememos almejar.
Só nos resta a nós mesmos,
mãos em súplica.
Diante da cruz,
vamos colocando nossos temores,
alimentando-nos diante da esperança.
Haverá ainda alguns dias,
muitos dias,
em algum tempo,
com algum alento.
E vamos conversar em acenos largos,
de janelas abertas.








Texto e imagem: Cláudio J Gontijo



terça-feira, 22 de julho de 2014

O Joio e o Trigo

A natureza expressa a presença do Deus vivo. Flores, rios, pássaros, alvoradas, crepúsculos, mostram-se todos os dias amparados em um silêncio que nos é fundamental. Silêncio para a paz, para a reflexão, para a oração, para a contemplação.  O Criador em sua infinita misericórdia deseja nos mostrar através dos ecossistemas, que precisamos evoluir para entender cada vez mais a sua criação, os biomas e, consequentemente, a nós mesmos.



As flores do Pequizeiro. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG





Mas assim como os fatores bióticos e abióticos são corrompidos, e vão, assim, perdendo a sua organização para a vida vegetal e animal, nós também somos tentados a nos deixar corromper. O meio ambiente vai se descaracterizando, as espécies vivas vão se extinguindo, a água, o solo e o ar vão se tornando inadequados pelos elementos estranhos, que os poluem e os tornam mais e mais pobres. O ser humano acompanha esta degradação. Vai se prendendo a valores que não são essenciais, que não lhe são próprios, mas ilusórios e de rápida transição. A alma vai se fragilizando, torna-se vazia, ansiosa e, também, pobre. 



O caminho da boa vontade é a jornada da reconstrução. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG




A disputa que se estabelece pelo que não é perene, pela matéria, divide e enfraquece. De forma contrária, a natureza esforça-se para permanecer unida e se harmonizar, se reconstruir, conectada ao Espírito Criador.




Amor, esperança e fé no retorno à plenitude. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG




Assim como toda a esfera verde tende a se reciclar para contornar a degradação, nós também, a partir da dor que esvazia, vamos alterando nossas aspirações, vamos nos aproximando novamente da nossa origem sobrenatural, Divina. Vamos reaprendendo a manter a plenitude, da alma e da vida, mesmo em um ambiente hostil. Assim vamos nos fortalecendo contra o mal, vamos caminhando para a retomada de uma jornada que sempre foi conhecida, aquela que nos coloca novamente diante de Deus.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Quando já parecia um gesto melancólico,
de um último suspiro,
um sorriso de olhos lacrimejantes,
a derradeira chance,
quando já tinham esquecido,
e já não se podia enxergar;
pela escuridão,
pela descrença,
pela ironia,
pela amargura,
pela secura,
enxugaram-lhe o suor frio.














As mãos tremeram,
unidas quase em desespero,
mas aliviadas.
Porque estiveram ávidas,
e haviam caminhado sós.
Porque pediram em fervor.
e clamaram por toda uma vida.
Mas agora era dia novamente.








Texto e imagem: Cláudio J Gontijo

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O Canário chapinha e os espinhos

Não é possível listar todos os atrativos que a natureza nos mostra em sua vastidão. Sabemos que regras apresentam exceções e que não há limites, dentro dos ecossistemas. As floradas ocorrem em períodos variados, os frutos chegam em maior ou menor abundância, as ninhadas recebem mais ou menos ovos, as cores são múltiplas, os cheiros variados.

Não há exatidão no grande bioma terrestre. Existem espécies  semelhantes, machos ou fêmeas. Existem, também, uma diversidade tão marcante que  não acreditamos que um determinado casal pertence a uma única espécie.



 
O macho, Canário-da-terra, com sua coloração amarela. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG


O canário-da-terra (Sicalis flaveola), sumido das matas mineiras por um período, é um dos exemplos de morfologias distintas em um casal.  A ciência chama de "dimorfismo sexual". O macho possui coloração amarela viva e a fêmea apresenta-se em tons pardos, acinzentados.

Estes pequenos pássaros alimentam-se principalmente de sementes e sua reprodução é feita em locais variados: buracos na madeira oca, barrancos e, até mesmo, nas casas do joão-de-barro. Neste período a fêmea deposita quatro ovos e os filhotes, a princípio... pardos, voam em três ou quatro semanas.




A fêmea  de cor  parda parece ser de outra espécie quando comparada ao macho. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG



A imagem, logo abaixo, mostra uma fêmea pousada em um galho da buganvilia. A sua aparência tranquila não é afetada nem mesmo pelos espinhos ao seu redor. É mais um fato curioso que nos mostra a natureza. Uma mistura de sutileza, beleza e perigo. Esta talvez seja uma regra imutável dos ecossistemas e de toda a existência; a certeza de que a vida uniforme e as diferenças caminham lado a lado, de que nem sempre  os caminhos são previsíveis.



                                      O pássaro e os espinhos. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG


                       

sábado, 28 de junho de 2014

A Coruja e o João-de-Barro

Há algum tempo atrás registrei a imagem de um casal de João-de-barro. Os dois pássaros haviam construído seu ninho com terra molhada e capim, para a reprodução; a chamada casa do João-de-barro.  A árvore, um Tamboril, não resistiu ao tempo e já não existe mais.



 O casal de João-de-barro. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG
                                   



Mais um período depois e ouvi sons estranhos que vinham exatamente do ponto onde as aves haviam mantido a sua prole. Eram piados repetitivos, numa sequência quase hipnótica. Já era noite alta, escura, de lua crescente. Fui até a árvore, a poucos metros da varanda e foquei a lanterna na casa de barro. Tive uma surpresa. Na pequena porta de entrada uma outra ave se mostrava. Não era quem deveria estar ali.

Disparei a máquina, buscando o foco no clarão efetuado pela lanterna. Ainda surpreso, lembrei-me de que o João-de-barro não costuma reutilizar o seu ninho. Sua opção natural é pela partilha. Enquanto seus ninhos resistem às intempéries, podem ser utilizados por outras espécies de pássaros.

Mas o que fazia ali uma Coruja-do-Campo?  Ave de rapina, que costuma arquitetar seu ninho em buracos no chão, por isso são também chamadas de Corujas-buraqueiras. A figura estava lá, estática, à entrada do ninho. Parecia uma rolha, obstruindo a porta da casinha de barro.




Na mesma casa, à noite, a coruja na porta de entrada. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG



A ave predadora teria invadido o ninho de outra espécie em busca de pequenos ovos e filhotes ? Ou estaria naquele local para a reprodução ?

Quando lembro-me daquela Coruja em seu estranho ninho, a partilha é um dos pensamentos que me ocorrem. Nestas várias reflexões, fica também a vontade de rever amigos distantes. Muitos deles de temperamentos difusos. Mas de muitas histórias comuns, de trocas, barganhas e alegria. Personagens de encontros e desencontros, como aqueles pássaros, espécies diferentes, de hábitos alimentares contrários, mas de histórias afins, propiciadas pela necessidade de sobrevivência, na grande comunhão ecossistêmica.


É que a proximidade e a convivência são pilares que vão solidificando os valores de toda uma existência. Uma vida em comum que modifica e edifica, que apara as diferenças e promove o crescimento. Uma jornada que se torna mais rica, para afastar o vazio e as arestas, para promover a vida plena e verdadeira. A exemplo da Coruja e do João-de-barro. Tão diferentes, mas tão próximos.

sábado, 21 de junho de 2014

O Socozinho

Na margem de uma lagoa, represa ou rio observa-se uma ave imóvel durante um longo período de tempo. De repente ela avança para a água e captura a sua presa. O Socozinho (Butorides striata) alimenta-se de insetos, moluscos, larvas, peixes, anfíbios e répteis. 



O Socozinho à espera do seu alimento. Imagem: Cláudio J Gontijo/Sete Lagoas-MG





O pequeno Socó habita sempre as proximidades de regiões onde haja água em maior quantidade. Não é muito fácil aproximar-se dele. Quando a ave percebe alguma aproximação permanece estática como se fosse um toco, até que emite uma espécie de assovio e voa. 

Esta espécie constrói seu ninho próximo a um curso d'água, em árvores de médio porte e arbustos nos brejos. Dois ou três ovos de cor esverdeada são depositados, em média. A fêmea cuida do local de nidificação de forma solitária, até que os ovos eclodem em aproximadamente quatro semanas (26 dias). Em mais trinta dias os filhotes deixam o local. 

Estas aves distribuem-se por quase todo o Brasil e em outras regiões de clima quente: África, Ásia e Austrália.











sexta-feira, 13 de junho de 2014

Histórias do sertão 2: Catarina Labouré

Numa parte periférica da cidade mora um casal de idosos. Já viveram muito, mais de sete décadas. Foram tempos cheios de privações, muita labuta. As mãos ficaram grosseiras e a pele curtida pelo sol. Ela teve filhos, trabalhou muito tempo numa carvoaria, e só conseguiu fazer com que um deles sobrevivesse. Não sei muito dele. Ambos perderam seus companheiros do primeiro casamento. Viúvos, conheceram-se e resolveram se unir já sexagenários. Ela vestiu-se de noiva, foi maquiada e levada até a porta da igreja por um carro. Ele vestiu terno, gravata e aparou bem o cabelo. Entraram na igreja decorada, ganharam caixas de cerveja e refrigerantes para a festa, uniram-se em novo matrimônio.

Algum tempo já se passou. Com o dinheiro curto do que recebe, ela conseguiu construir a casa onde moram. Alpendre, banheiro azulejado, quartos pequenos e dignos, uma pequena televisão de plasma, um interfone usado na entrada. Ele vendeu a casa muito simples onde morava, dividiu uma parte do pouco que arrecadou com os filhos da primeira união. É quase certo que utilizou o que sobrou para ajudar na mobília do novo lar. 








Eles estão sós nesta pequena casa. Os filhos, poucos, tomaram seu rumo. O casal é feliz. Vivem da aposentadoria do sindicato rural e agradecem pelo que conseguiram. Vivem também da sua devoção profunda aos santos e da fé fortificada.

Há alguns meses atrás Dona Maria foi atropelada enquanto voltava de uma reza. Segundo ela, pelas suas orações, não fraturou um único osso. Apenas o braço continua preso numa tipoia. As dores a incomodam. As articulações que movimentam a clavícula direita demoram para se recompor e ela tem lamentado muito. Reclama por não poder ir, como quer, à igreja. Reclama por não poder varrer, como gosta, a casa. O senhor José a ouve com atenção e respeito, seus olhos revelam compreensão. Ele mesmo tem carregado com dificuldade uma hérnia mal curada. Os exames do posto de saúde já venceram, a cirurgia do SUS não veio e, agora, novos preparatórios precisarão ser feitos.

Um dia destes Dona Maria foi até o seu quarto e me chamou. Mostrou-me a Bíblia bem arranjada e suas várias imagens. Retirou da gaveta um pequeno livro. Era a história de Catarina Labouré; a Santa francesa. Me deu de presente para que eu lesse. Ela não podia fazê-lo, por não ter aprendido. O seu companheiro possui pouca leitura, mas é ele quem lê as inúmeras orações que eles recebem pelo correio, fruto das pequenas contribuições que fazem a algumas instituições.





À Dona Chiquinha.

sábado, 7 de junho de 2014

Educar para preservar

Evoluindo a partir de meados do século passado, a escola nova descentralizou a transmissão de conteúdos e propôs uma nova metodologia, baseada em temas contextualizados e na participação efetiva do aluno no processo de ensino-aprendizagem. O professor deixou de ser, exclusivamente, o detentor do conhecimento, para assumir a figura de mediador e promotor do debate, que se forma em função dos questionamentos lançados. Esta é a realidade estampada nas salas de aula, no momento em que surge a necessidade, inadiável, do aprimoramento da Educação Ambiental.



A sobrevivência dos rios passa pela educação ambiental. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG



O meio ambiente em degradação, o esgotamento dos recursos naturais, as modificações climáticas, criam a preocupação generalizada com os rumos dos ecossistemas, ao mesmo tempo em que depositam a esperança de transformações benéficas, ancoradas na formação de uma nova geração, mais consciente, crítica e com possibilidades transformadoras.

A Educação Ambiental parece ser uma tarefa ampla e complexa. É responsabilidade de toda a comunidade, não só dos professores. Neste contexto a escola não é uma ilha dentro do processo de ensino-aprendizagem. Os bons exemplos de preservação da fauna e flora, a reciclagem de materiais e a recomposição de áreas degradadas devem vir de todos e, necessariamente, trabalhados com os alunos. As atividades de campo, práticas, a interatividade, as relações interpessoais, são fundamentais para a boa assimilação dos jovens.

Mas, infelizmente, não basta somente uma ação focalizada no ensino escolar. É provável que construiremos pouco, se não experimentarmos uma mudança de postura que alcance os meios de produção e a sociedade como um todo. 

O aprendiz maior das escolas não encontra apenas o conteúdo da grade curricular. Atualmente vive mergulhado em um ambiente que lhe proporciona múltiplas informações. Portanto é importante e fundamental que avancemos todos; pais, administradores, professores, terapeutas, operários, na busca pela criação desta nova perspectiva.

As ações se tornarão ainda mais promissoras a partir da obrigatoriedade da disciplina Educação Ambiental no conteúdo programático das escolas e de descontos tributários para as empresas que, comprovadamente, manterem projetos educacionais de meio ambiente.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Pássaros-pretos II




Pássaros-pretos (Gnorimopsar chopi)  em grupo. Eles vão pousando aos poucos e se juntam para comer pequenos grãos de arroz.














Imagens: Cláudio  J Gontijo/Lassance-MG


terça-feira, 20 de maio de 2014

Suriri-cavaleiro

Nos campos limpos podemos observar o Bem-te-vi do gado ou Bem-te-vi carrapateiro; o Suiriri-cavaleiro (Machetornis rixosa), como é mais conhecido. Eles costumam caminhar bem próximos ao gado para capturar os minúsculos insetos que voam. 

O Suiriri-cavaleiro passeia no solo, bem próximo ao bezerro. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG


Esta espécie possui hábitos semelhantes aos do João-de-barro. Andam pelo solo a maior parte do tempo e, eventualmente, podem até mesmo ocupar as casas de barro destes Passeriformes para utilizá-las como ninho. De um modo geral, o local para a procriação é construído pelo casal com pequenos gravetos e fibras vegetais. Eles também podem nidificar em buracos nos troncos ocos. Os ovos (geralmente dois) eclodem em duas semanas e os filhotes abandonam o ninho em mais duas ou três semanas.



A coloração característica do Suiriri-cavaleiro. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG



Não há diferenças entre machos e fêmeas (dimorfismo sexual). A parte ventral possui coloração amarela, as asas e a cabeça são pardas. A destruição das matas e habitats desta espécie não ameaçou a sua sobrevivência em função da boa capacidade de adaptação às áreas cultivadas e cidades. 


O pássaro às margens da Lagoa Paulino, no centro de Sete Lagoas-MG. Imagem: Cláudio J Gontijo



Habitam com mais frequência as regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Costumam ser valentes na defesa do seu território. A coruja buraqueira é um dos seus maiores predadores.