Imagens: Garça-branca-grande (Ardea alba), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)/Cláudio Gontijo

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Um gafanhoto de grande tamanho

Os artrópodes formam um grupo de animais invertebrados que possuem patas articuladas (grego: artro = articulado, podos = patas). Podem ser divididos através das seguintes classes: Crustáceos (camarão), Aracnídeos (escorpião, aranha), Insetos (abelha, formiga), Quilópodes (lacraia) e Diplópodes (piolho-de-cobra; gongolo, mongolô, embuá).




Nas patas do artrópode as regiões articuladas. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG





A classe dos insetos é a mais numerosa. Estes invertebrados (animais sem estrutura óssea interna e coluna vertebral) possuem muitos representantes que apresentam asas e podem, portanto, voar. A grande facilidade de reprodução aliada ao deslocamento rápido pelo voo ocasionou uma enorme capacidade de adaptação ao meio; só as grandes profundidades dos oceanos não apresentam insetos.

Um dos representantes deste vasto grupo é o curioso um gafanhoto de grande porte. Eles, como seus outros parentes próximos, os gafanhotos comuns, possuem um par de patas articuladas traseiras mais desenvolvidas. A flexão rápida destas patas permitem uma locomoção ágil, contrariando o seu voo mais lento, devido à fragilidade das asas frente ao peso corporal.




O Gafanhoto Gigante com seu par de antenas.  Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG




Esta espécie (Tropidacris collaris) alimenta-se de diversos tipos de folhas e pedúnculos vegetais. Possuem um sistema digestivo evoluído e eliminam fezes através de uma abertura na porção final do seu abdome. Bandos destes exemplares podem ser vistos nos cerrados do norte de Minas, prejudicando plantações agrícolas, árvores frutíferas e até mesmo a folhagem de muitas árvores nativas. 

Eles possuem um par de antenas e respiram através de tubos conectados à sua estrutura muscular, as traqueias. Algumas partes externas do seu corpo são revestidas de um exoesqueleto feito de quitina (um polissacarídeo que se assemelha à celulose, ao açúcar). Esta carapaça resistente protege partes mais funcionais e sensíveis do organismo interno, presentes principalmente no tórax.



Visível: o exoesqueleto (carapaça) abaixo da região cefálica. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG



Na reprodução os sexos são separados. O macho injeta espermatozoides no interior do aparelho reprodutor da fêmea. Esta deposita os ovos que darão origem à ninfa, uma forma quase semelhante ao inseto adulto. Uma fêmea que participa da ato reprodutivo é capaz de depositar dezenas e dezenas de ovos, daí a facilidade de multiplicação da espécie.



Gafanhotos em cópula para a reprodução. Imagem: Cláudio Gontijo/Lassance-MG




A circulação sanguínea deste inseto não ocorre em vasos sanguíneos e sim em lacunas no interior do corpo. Como as traqueias, que conduzem o oxigênio, espalham-se por vários pontos da estrutura muscular, o sangue, sem coloração, transporta basicamente nutrientes por todo o organismo.

Este estranho inseto é inofensivo. Fora a sua habilidade para saltar e os seus voos curtos, não apresentam nenhuma substância tóxica ou peçonha que possa ser inoculada.

















quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Maritaca Verde

Os buracos em troncos de árvores, em barrancos, as copas dos coqueiros de grande porte, os rochedos nas encostas das serras são aproveitados por esta espécie para a construção dos seus ninhos. A Maritaca-verde reproduz nos meses de setembro a fevereiro. A fêmea cuida da incubação dos ovos. O macho alimentará os filhotes e a sua companheira durante este período. Em cada ninho são depositados entre dois e cinco ovos. Os filhotes permanecerão por cerca de quatro semanas na companhia do casal até poderem voar.




A Maritaca-verde alimentando-se em uma goiabeira. Imagem: Cláudio Gontijo/norte de Minas





A  Maritaca-verde (Pionus maximiliani) vive em bandos de 10 a 40 exemplares, quando a alimentação é farta o número pode aumentar. Sementes, frutos, cereais, são o seu alimento predileto. Seu habitat são as matas densas, matas ciliares, vegetação do início das formações montanhosas, o cerrado e a caatinga. Vive nas regiões centrais do Brasil, no Nordeste, Sul e Centro-norte de Minas, Bolívia, Paraguai. 

Muitas destas populações já foram dizimadas pelo tráfico ilegal de filhotes nas margens das rodovias e envenenados pelos agrotóxicos presentes nos arrozais. 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Garça-Branca-Grande

Nas margens mais rasas de lagoas, rios, banhados, a Garça-branca-grande, Ardea alba, procura o seu alimento. Elas permanecem imóveis apoiadas em suas longas pernas, esperando o momento de lançarem de forma certeira o seu bico fino, mergulhando-o subitamente na água para capturar pequenos peixes. Buscando sempre os ambientes aquáticos esta espécie também recolhe moluscos, insetos, anfíbios e répteis. Em períodos de maior estiagem, as lagoas e banhados no norte de Minas ficam escassos. A Garça, então, executa pequenas rotas migratórias até chegar aos cursos d'água disponíveis. 



A Garça-branca aguarda imóvel o seu alimento à margem do Rio das Velhas. Imagem: Cláudio Gontijo



No período da reprodução fazem seus ninhos em arbustos nos brejos, nas árvores mais altas próximas do ambiente aquático e ilhas com vegetação densa. Uma pena de maior comprimento torna-se mais visível, nesta época; a chamada "egreta". A fêmea, após o acasalamento, depositará em média cinco ovos de cor esverdeada.



A Garça-branca-grande. A pena egreta é visível na região dorsal. Imagem: Cláudio Gontijo





Esta espécie possui hábitos diurnos e, normalmente, locomove-se de forma solitária. Mas no período reprodutivo junta-se a bandos de aves aquáticas, muitas de espécies diferentes. Ao entardecer deixa as margens dos rios e lagoas, e voa para repousar em árvores de maior porte.




A Garça e o seu ambiente preferido. Imagem: Cláudio Gontijo





A região de ocorrência da espécie é, normalmente, de clima tropical e subtropical, na América do Norte, em quase todas as regiões do Brasil, Europa e outros continentes, à exceção dos polos.

















quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Chuva

Veio a chuva e encharcou a terra,

 retocou o tempo.

Nem se pode dar graças,


quando tudo, em gotas finais,

espantou a aridez do pensamento,

dos torrões ainda mornos,

dos pardos arbustos,

recompondo o dia ainda claro.








Agora as imagens já eram límpidas,

em alegria de cores nítidas.

Então veio grossa a enxurrada,

varrendo as grotas e a melancolia.

Parecia uma vida desenhada, a ser terminada.

Inúmeras cores teciam horizontes, 

de toda a calma do sertão.

A água alimentou raízes, 

orações e ribeirões.

Flores e amores.

Devolvendo a fartura,

de todas as veredas,


em lágrimas de alegria.




Texto e imagem: Cláudio J Gontijo/Norte de Minas

sábado, 5 de outubro de 2013

As Cigarras

É na primavera que o canto da cigarra chega a incomodar os ouvidos menos tolerantes. Mas há quem aprecie o som emitido simultaneamente por milhares e milhares destes exemplares. Uma sinfonia estridente e de longo alcance. Os machos produzem os sons a partir de membranas que possuem no próprio abdome. Existem duas razões básicas para este canto. Um delas é uma forma que estes machos possuem para atrair a fêmea no processo de acasalamento. Outra é, acreditem, uma maneira de confundir pássaros predadores (impedindo a sua comunicação) em meio ao barulho desnorteante. 


Reprodução

Após o acasalamento a fêmea deposita inúmeros ovos em folhas e troncos de árvores. Ela pode expelir em média 500 a 600 ovos. Os ovos eclodem e sofrem uma metamorfose transformando-se em ninfas. Estes insetos, ainda muito jovens, caem ao solo e o penetram. No seu interior, através de um minúsculo aparelho bucal sugador, alimentam-se da seiva vegetal contida nas raízes das plantas. Existem mais de 1000 espécies destes seres vivos, que permanecerão entre um e... dezessete anos no interior da terra. Quando o tempo de evolução é concluído eles deixam simultaneamente o solo e passam por um processo chamado ecdise, deixando o seu exoesqueleto (carapaça externa) e atingindo a fase adulta, a maturidade sexual. 


Ovos de cigarra presos à vegetação. Imagem: Dreamstime.com

A carapaça  é um esqueleto externo denominado exúvia. Imagem: infoescola






O Inseto adulto viverá, dependendo da espécie, um período variável de uma a três semanas. Realizado o acasalamento, macho e fêmea morrem. Os ovos darão origem às ninfas que penetrarão novamente o solo, reiniciando o ciclo.





A forma adulta. Seus apêndices (patas) possuem "ganchos" que se prendem nos troncos. Imagem web






O canto da cigarra, que pode atingir vários decibéis de volume sonoro,  não incomoda o seu emissor. No corpo do inseto existe um par de membranas (parecidas com tímpanos) que se fecham durante o som estridente. 

A espécie denominada Carineta fasciculata é muito comum no Brasil. Seu ciclo evolutivo no interior do solo dura entre um e dois anos. Estas cigarras podem agir como pragas atacando plantações agrícolas, sugando a seiva destas plantas e reduzindo a produção. Sem os predadores naturais da cigarra (várias espécies de pássaros) o controle das populações fica difícil e pode ser necessário a aplicação de inseticidas.






terça-feira, 1 de outubro de 2013

Pássaros-Pretos

Um a um eles vão chegando. Na dianteira um deles já pousou, desconfiado, para verificar qualquer perigo que ameasse o grupo. Com pouco tempo o chão está cheio deles, caminhando depressa, batendo as asas, como se quisessem disputar os grânulos de arroz triturado. Possuem as penas, o bico, pernas, todos negros. São os inteligentes Pássaros-pretos (Gnorimopsar chopi). 




Os Pássaros-pretos pousados no chão alimentando-se  dos grãos de arroz. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG




Estes pássaros são sociáveis. Observei que, depois de algum tempo na propriedade à margem do rio, eles pareciam reconhecer a minha voz. Aproximavam-se com seu belo canto e, dependendo da época do ano, sempre vinham  para se alimentarem dos grãos que eu espalhava próximos à porteira.

A espécie atinge a maturidade com 18 meses de vida. Durante três vezes ao ano partem para o processo de reprodução. Constroem seus ninhos em buracos no barranco, em locais ocos nos troncos de árvores mais altas, nas palmeiras e, ocasionalmente, podem utilizar a casa do João-de-barro. São depositados de dois a quatro ovos. Em duas semanas os ovos rompem a casca e, após mais 20 dias, os filhotes deixam o ninho podendo voar.





Um pequeno grupo à margem do Rio das Velhas. Imagem: Cláudio J Gontijo/Lassance-MG





A alimentação deste pássaros é variada, onívora. Insetos, larvas, frutas, sementes. Os buritizais são regiões de grande trânsito da espécie. Alem de utilizar as copas destes vegetais para reprodução, eles apreciam o seu coco como alimento. Os campos, cerrados, matas ciliares de menos densidade são os outros locais de seu habitat.


Estas aves podem ser criadas em cativeiro, mas somente com o registro e autorização do IBAMA para a procriação em locais onde ocorre manejo adequado. A comercialização de espécies silvestres constitui crime ambiental. Quando criados em cativeiro podem reconhecer facilmente o ocupantes da casa. Ainda é comum encontrá-los sendo criados como animais de estimação. Geralmente, assim como os papagaios, são retirados ainda filhotes dos seus ninhos, na natureza. São visados também devido ao seu canto melodioso. É importante salientar que a criação de animais silvestres, capturados no ambiente selvagem, não é um bem que se faz a estes seres vivos. Longe do seu habitat, recebendo alimentação inadequada, eles passam por períodos de estresse e, com isso, seu tempo de vida pode ser reduzido à metade.